Por Renato Navas, Head de People Science e co-founder da Pulses
O mercado mudou. Se antes os profissionais buscavam um emprego estável apenas para se sustentar e construir bases pensando em uma felicidade futura, hoje as novas gerações já procuram um trabalho que esteja atrelado aos seus próprios valores, propósitos e desafios.
Estamos na era do autoconhecimento, do acesso às informações, e cada vez mais os colaboradores estão tendo consciência sobre o que eles querem ou não, e sobre o que é ou não negociável nas relações de trabalho. O poder de escolha agora não é mais só da empresa, que avalia e aprova seus candidatos, mas também do próprio trabalhador, que tem buscado cada vez mais uma organização coerente com os seus princípios. É por isso que tanto se tem falado sobre Employer Branding.
O conceito se refere à gestão da marca empregadora. Ou seja, a imagem que a empresa reflete não só nos atuais colaboradores, como também em todos os seus públicos estratégicos: candidatos ativos e passivos, clientes, consumidores, fornecedores, etc. E aqui não basta uma boa campanha de marketing para criar uma imagem que conte uma história positiva da organização. O que os profissionais estão buscando não é apenas a percepção exterior, mas a verdade sobre quem aquela empresa realmente é nos bastidores.
Segundo o LinkedIn, 96% dos trabalhadores pesquisam a reputação de um potencial empregador antes de mudar de vaga. A Pesquisa Carreira dos Sonhos 2019, da Cia de Talentos, também revelou que, mais do que um bom salário, os candidatos estão em busca de ambientes que promovam ética, confiança, flexibilidade, criatividade e desenvolvimento profissional contínuo.
Em um mercado cada vez mais competitivo, que disputa bons talentos o tempo todo, ter essa proposta de valor é um grande diferencial. Além de ajudar a criar uma imagem boa e verdadeira da companhia, trabalhar estratégias de Employer Branding ajuda a atrair os profissionais que mais “casam” com a cultura da organização, a diminuir o turnover, a melhorar os índices de engajamento e produtividade e o clima organizacional.
Mas por onde começar? Listamos aqui algumas ações que podem ajudar a desenhar um bom plano para a gestão da marca empregadora:
Estude o conceito
Não é possível chegar a um determinado lugar sem antes entender onde você quer chegar. Então é extremamente importante estudar sobre o tema, buscar novos conhecimentos e trocar ideias com pessoas da área, para entender o que é a Employer Branding de fato e como você pode aplicá-lo para a realidade da sua empresa.
Faça um diagnóstico da sua organização
Quando o conceito estiver claro, é hora de fazer um raio-x da sua organização. Entenda qual é a cultura da companhia, seus valores, símbolos e práticas. Avalie também a sua reputação, o que está sendo ofertado, qual é a associação da sua marca e quais valores da cultura refletem nessa imagem. Outro aspecto para ser analisado é a percepção a respeito da empresa. A marca reflete a identidade da organização, seus posicionamentos e práticas internas?
Mas lembrando: é preciso ser verdadeiro e coerente com o que a empresa realmente oferece. Quando falamos de cultura, não existe certo ou errado. Então se a sua organização tem uma cultura mais tradicional ou competitiva, por exemplo, é preciso deixar isso claro para atrair os profissionais que também têm este perfil e buscam este tipo de desafio. Portanto, o primeiro passo é mapear e gerar informações transparentes, para que tanto o RH quanto o marketing e os colaboradores transmitam a mesma mensagem.
Invista no Employee Experience
A Employer Branding é apenas o primeiro passo na jornada do colaborador. Ela é o “antes”, o momento de atração e admiração dos profissionais pela sua empresa. Quando os colaboradores já estão selecionados e prontos para começar um novo ciclo, é a hora de pensar na experiência que eles vão ter na empresa, desde os primeiros dias, passando pelo onboarding até o momento de um possível desligamento. É importante desenhar toda a jornada de desenvolvimento que aquele trabalhador vai ter na sua organização, para garantir que a experiência com a empresa seja satisfatória para ambos.
Faça pesquisas contínuas
É impossível criar soluções e pensar em ações se não há informações sobre a atual situação da empresa. As pesquisas contínuas são aliadas fundamentais para trazer dados concretos sobre os indicadores de performance da organização. Na Pulses, nós desenvolvemos, juntamente com a Cia de Talentos, a Pesquisa de Employer Branding, que ajuda as empresas a mapearem suas práticas e construir novas possibilidades para uma gestão de marca empregadora eficaz.
A partir dos resultados, é possível fazer uma avaliação mais precisa do que precisa ser melhorado na organização.
A pesquisa tem três instrumentos: o EB Index, que avalia as práticas de gestão e a experiência dos colaboradores acerca do tema; o Condições para EB, que tem perguntas voltadas para as estratégias, comunicação e alinhamento interno da empresa sobre o assunto; e o Reputação e Embaixadorismo, que investiga como estão os processos internos da empresa, sua reputação, atratividade da marca, orgulho e engajamento.