Você já perdeu alguma oportunidade de emprego ou viagem por não falar inglês ou ter pouca vivência com a língua? Se sim, você não é o único a passar por isso. De acordo com pesquisa realizada pelo instituto Britisch Council, 95% dos brasileiros não falam inglês e apenas 1% fala fluentemente. Separamos 5 dicas infalíveis com Cris Vieira, brasileira residente em Nova York há mais de 20 anos e expert em idiomas, que já ajudou a melhorar e a aperfeiçoar o inglês de nomes como Nicolas Prattes e Tania Khalill. Anota aí:
1 – Aceite e assuma a sua “persona” em inglês ou em qualquer língua estrangeira que você esteja aprendendo. Ignore o julgamento de outros (e o seu, principalmente).
Na minha experiência ensinando brasileiros e americanos, posso dizer que os brasileiros são os que mais se incomodam com o que “os outros” vão dizer sobre sua pronúncia (mesmo que estejam pronunciando corretamente). Os americanos pouco se importam se vão soar engraçados ou esquisitos quando estão aprendendo português – eles encaram como aprendizado e seguem em frente até que consigam alcançar seus objetivos na língua. Naturalmente, quando aprendemos sons que não fazem parte da nossa fonética, somos obrigados a usar a musculatura facial de maneira diferente da que estamos acostumados em português – o que faz com que tenhamos que contorcer a boca ou a língua de maneira nada comum para nós. E o TH, então? Falar com a língua presa? Nem pensar! Entretanto, em vez de pensarmos que parecemos ridículos, devemos lembrar que, ao usarmos o código daquela língua, poderemos ser entendidos de maneira mais clara. Sem contar que, pro americano, você estará soando de maneira natural. Então, nada de vergonha! Afasta-se do amigo que te põe pra baixo na hora de falar inglês!
2 – Ponha mais leveza na voz ao falar inglês.
Por ser uma língua silábica, o português exige que falemos nossas vogais de maneira individual e marcada, o que faz com que aumentemos o tom da nossa voz. O inglês, por sua vez, não obedece ao mesmo sistema silábico do português. O que vemos em inglês é uma variedade de ditongos que produzem um som apenas (mesmo que haja 2 ou 3 vogais). Por exemplo, bureau (algo como “biu-rô”) e daughter (“dó-rar”). O mais importante é entender que, normalmente, você não vai pronunciar as vogais separadamente em inglês; tampouco vai separar as sílabas do mesmo jeito que faz ao falar português.
3 – Fale inglês, mas não esqueça de dar acabamento às palavras.
Falar inglês é como dar acabamento a uma obra. Se você deixar pela metade, fica feio. Simples assim. É muito comum ouvirmos “what’s the different between …?” Em vez de “what’s the difference..”. Existe a ideia de que precisa-se falar inglês rápido para ser considerado fluente – e isso é exatamente o que faz com que o brasileiro “coma” o final das palavras em inglês. Mesmo que ele saiba a palavra correta, na pressa, a palavra pronunciada pode soar uma coisa completamente diferente. Não precisa correr e nem acelerar. Take your time! 🙂
4 – Não crie sílabas extras ao pronunciar o final das palavras em inglês.
Não confunda “dar acabamento à pronúncia” com “criar uma sílaba extra”. Deixe-me esclarecer: ao pronunciar o verbo “live” (moro), é importante lembrar que, ao contrário do português, não temos duas sílabas nessa palavra. Assim, será errado dizer “li-ve”, como se estivéssemos separando as sílabas em nossa língua. Nossa tendência é usar a lógica do português para o inglês, mas não funciona assim. Live deve ser pronunciado de uma vez só, assim como have, like, life, etc.
Um outro momento onde o brasileiro normalmente cria uma sílaba extra é quando precisa pronunciar o passado dos verbos regulares em inglês. De acordo com a regra, esses verbos deverão terminar em -D, -ED ou -IED. Entretanto, o acréscimo desses pedacinhos no final dos verbos no passado não vai, necessariamente, dar à pronúncia uma sílaba extra. Exemplo: I worked last night. Nesse caso, a pronúncia será ‘workt’, sem ganho de sílaba adicional.
5 – Aprenda os sons das consoantes em inglês. Vai fazer toda a diferença em sua pronúncia!
Talvez, se o inglês seguisse um alfabeto diferente do romano, a língua não causaria tanta confusão. Mas saber que estamos lidando com as mesmas letras do nosso alfabeto pode fazer com que a gente “relaxe” e use o mesmo som das consoantes do português. Por isso, eu costumo dar aos meus alunos um “checklist de consoantes” para que eles sempre tenham essas letras em mente quando falam inglês. Por exemplo, é importante lembrar que o “P” em inglês solta uma explosão de ar; que o “M” deve ser marcado com lábios fechados e que o “N”precisa ser feito atrás dos dentes, tocando o palato. Dessa forma, no momento em que você pronuncia corretamente a palavra “conversation” pronunciado em português como “cõ-ver-sei-chiõ” (õ – como a pronúncia de “com”) vai ver logo um grande upgrade na sua pronúncia. Experimente!
Dica bônus e a mais importante de todas:
Treine muito. Ouça, fale, repita, se ouça. Entenda as diferenças. E nunca pare de treinar e exercitar as palavras que você tem mais dificuldade. Eu costumo pedir para os meu alunos me mandarem áudios depois das aulas. Eles percebem a evolução, às vezes precisam de orientação, compreender a origem do que precisa ser aperfeiçoado na pronúncia. Fico sempre atenta às falhas mais comuns e retomo algumas vezes para ajudá-los a fixar.