Nas últimas semanas, duas séries de TV ganharam o gosto popular. De um lado, o sucesso do “The Masked Singer Brasil”, uma competição musical no qual personalidades fantasiadas e sem revelar a identidade, tentavam convencer os jurados com sua performance. Do outro, “Casamento às Cegas”, do Netflix, que propõe encontros ocultos entre potenciais casais, que vão se conhecendo, também sem revelar a aparência, e decidem seguir ou não com o relacionamento. Ou seja, ambas as atrações trouxeram para o centro das discussões, a importância de eliminarmos os vieses inconscientes, tema que ganha o mercado corporativo e vira prioridade para as empresas durante o processo de recrutamento e seleção.
Para Cammila Yochabell, CEO e fundadora da Jobecam, referência no setor de recrutamento, seleção e D&I por meio da tecnologia de vídeo e entrevistas às cegas, é muito relevante que a discussão em torno da quebra dos vieses inconscientes ganha uma repercussão nacional, o que reforça ainda mais o comprometimento das empresas em buscar soluções para a seleção dos seus talentos. “Tenho acompanhado o assunto ganhar a TV, o que traz visibilidade e ajuda em torno do debate dentro das corporações, que hoje buscam equipes cada vez mais diversas e inclusivas. As séries deixaram um lastro de aprendizado muito relevante que devem servir de exemplo para dentro das empresas”, afirma.
Cammila elencou 5 lições que as séries deixam como ensinamentos para o mundo corporativo:
1 – Aparência não define as competências técnicas
Hoje, o grande desafio das empresas é o desapego a conceitos arcaicos de seleção. Nos processos seletivos, é comum que líderes de RH deem ênfase à diversidade superficial, como tatuagem, sexualidade, piercing, raça, modo de vestir, entre outros detalhes. É importante deixar claro que a aparência não possui nenhuma relação direta com a competência de um profissional. Um processo seletivo justo precisa ser pautado no que realmente importa: nas habilidades da pessoa candidata para a vaga em questão. O preconceito de recrutadores pode fazer com que a empresa deixe de contratar um grande talento.
2 – Nem sempre as coisas parecem o que é
Como pudemos ver durante o programa “The Masked Singer Brasil”, nem sempre as coisas parecem o que é. Foi com esse pensamento que a emissora conseguiu emplacar seu programa de sucesso. Os candidatos foram avaliados por aquilo que mais deve importar em uma avaliação: o seu talento. Com os processos seletivos, não deve ser diferente. Quem iria dizer, por exemplo, que um cantor fantasiado de cachorro quente seria nada menos que Sidney Magal? O mesmo pode se aplicar a uma pessoa candidata que possui muitas tatuagens e piercings e um visual mais descolado. Quem disse que ele não é o profissional perfeito para uma empresa de advocacia? Todos possuímos vieses inconscientes, esse reconhecimento é o primeiro passo para desenvolver uma entrevista mais justa.
3- Assertividade
Uma contratação feita às cegas é capaz de priorizar as habilidades e os aspectos técnicos de um profissional, possibilitando uma admissão mais eficiente. Toda e qualquer organização tem o direito de escolher a pessoa candidata mais alinhada às características de uma função, desde que estejam dentro do que se é esperado para o cargo. Contratar uma pessoa por conta de suas experiências e habilidades demonstra seriedade, transparência e valorização do próximo.
4 – Imparcialidade
Não há como negar que um dos princípios da diversidade e inclusão no ambiente corporativo está relacionado à imparcialidade dos processos seletivos. As razões são claras: se não há qualquer distinção de gênero, sexualidade, cor e outros elementos que nos diferenciam enquanto seres humanos, os processos devem ser imparciais. Mais do que ficar no discurso, a pessoa candidata realmente deve sentir que isso realmente ocorre.
5 – Protagonista é a pessoa candidata
Assim como no The Masked Singer Brasil, em que o candidato é a estrela do show, o processo seletivo às cegas proporciona o mesmo ambiente ao profissional. Como o recrutador não possui informações visuais sobre quem está conversando, a curiosidade sobre o candidato é muito maior. Sem enxergar o postulante ao cargo, mais perguntas serão feitas e maior visibilidade será dada para quem quer conseguir um novo emprego.