Estudo realizado pelo marketplace de empregabilidade contou com a participação de profissionais em cargos administrativos, recursos humanos e recrutamento e seleção
No Brasil, pessoas com mais de 50 anos representam 26% da população, que caminha para um crescimento acelerado do envelhecimento. Tal ponto traz à tona uma tendência significativa da mudança da pirâmide etária, que se dá, sobretudo, pelo aumento da expectativa de vida e diminuição da taxa de natalidade. Com pessoas vivendo mais tempo e tendo menos filhos, é possível testemunhar um aumento na proporção de pessoas mais maduras em relação à população total.
Isso, contudo, ainda não transmite um movimento concreto dentro do mercado de trabalho, visto que pessoas deste grupo etário possuem uma média de apenas 3% a 5% do quadro de colaboradores de uma empresa, conforme dados apresentados pela consultoria Maturi.
Para entender este cenário, a Catho, marketplace que conecta empresas e candidatos que estão em busca de emprego, concluiu a pesquisa sobre etarismo no mercado de trabalho, apresentando como as companhias estão lidando com os candidatos mais maduros. O estudo contou com a participação de 307 respondentes, que atuam nas áreas administrativa, recursos humanos, recrutamento e seleção e gestão de pessoas.
Segundo os participantes, na maioria das empresas não há um programa de inclusão ou incentivo para profissionais maduros, representando 61% dos respondentes. Ainda, 40% dos gestores demonstraram resistência em contratar ou desenvolver profissionais acima dos 50 anos.
Para Christiana Mello, diretora da unidade de recrutadores da Catho, este quadro é preocupante: “Quando falamos dos profissionais maduros já empregados, a pesquisa aponta que grande parte está ocupando posições mais altas nas empresas em cargos de gestão ou direção, o que é natural para aqueles que foram acumulando experiência e avançando em suas trajetórias profissionais ao longo dos anos. Contudo, tanto para áreas operacionais quanto para quem deseja retornar ao mercado de trabalho a situação é mais delicada”.
De acordo com a diretora, a falta de oportunidade para profissionais mais experientes na área operacional precisa de mais atenção, fator que pode ser refletido futuramente com mais escassez de candidatos. Além disso, as empresas precisam introduzir ações para atrair e reter profissionais mais maduros, a fim de reverter este cenário e contribuir para que mais oportunidades sejam disponibilizadas.
O que já vem sendo feito e como fazer?
Ainda conforme a pesquisa da Catho, boa parcela dos respondentes apostam no desenvolvimento do mercado de trabalho para candidatos mais experientes. 48% acreditam em um contexto em evolução para estes profissionais acima dos 50 anos e 20% acham que há um avanço positivo na interação entre colaboradores jovens e maduros.
“Esses profissionais trazem uma bagagem relevante que agrega valor para as empresas, como experiência, ética e resiliência. São pontos muito valorizados dentro de uma companhia, sobretudo para estimular a troca de conhecimento e as relações intergeracionais. Diversidade também pode ocasionar em resultados ricos para a organização, com visões de mundo diferentes e ideias que se complementam”, pontua Christiana.
Políticas reais de contratação inclusiva, programas de treinamento e desenvolvimento, flexibilidade no trabalho, cultura organizacional, reconhecimento, valorização, ambiente de trabalho seguro e comunicação eficaz são algumas movimentações que as empresas precisam e devem introduzir para ampliar a rede de conscientização e de apoio, segundo a diretora.
“Os líderes possuem um papel crucial para melhorar a inclusão e evitar discriminação. É importante implementar metodologias que façam, de fato, a diferença para este grupo etário, sem que isso se torne um empecilho para boas oportunidades. A população em idade ativa de trabalho está crescendo cada vez mais e são uma força importante para as atividades, podendo oportunizar maturidade nas decisões, figura de liderança forte, responsabilidade e ética”, finaliza Christiana.