Especialistas apontam principais obstáculos: falta de conhecimento técnico, orçamento limitado e resistência à mudança.
Em um momento em que a inteligência artificial (IA) avança e otimiza processos empresariais em diversas áreas, a área de Recursos Humanos no Brasil ainda apresenta baixa adoção da tecnologia. Um estudo realizado pela plataforma Think Work em parceria com a Flash, empresa de gestão de benefícios, revelou que 70% dos departamentos de RH no país ainda não utilizam IA em suas atividades diárias. A pesquisa evidencia uma lacuna significativa em um setor que poderia se beneficiar amplamente da automação e da análise de dados proporcionadas pela IA.
Apesar da crescente incorporação de IA em outros setores, os RHs brasileiros ainda enfrentam desafios para implementar a tecnologia. Segundo o levantamento, os principais obstáculos incluem falta de conhecimento técnico, dificuldades orçamentárias e resistência interna às mudanças. Para Renan Conde, CEO Brasil da Factorial, a IA no RH é mais que um diferencial: é essencial para empresas que buscam eficiência e competitividade. “A IA automatiza tarefas como triagem de currículos e análise de perfis, permitindo decisões rápidas e assertivas, identificando talentos e promovendo estratégias eficazes de retenção”, afirma.
Paradoxalmente, embora a IA seja pouco aplicada internamente, o RH lidera a busca por profissionais especializados na tecnologia. Dados da HR Tech Infojobs indicam que 88,17% das vagas estão voltadas para a área de IA. Esse contraste sugere que, apesar da baixa adoção prática, as empresas estão se preparando para um futuro mais digital, apostando em profissionais que possam impulsionar essa transformação.
Para Ricardo Nobrega, Sócio e Diretor de Vendas da Intelligenza IT, o desafio maior para a adoção da IA no RH está na capacitação dos profissionais e na resistência cultural das organizações. “Muitos gestores ainda veem a IA como uma ameaça, quando, na verdade, ela pode ser uma aliada nas decisões mais justas e inclusivas. Investir em treinamento e mudar a mentalidade dos líderes é fundamental”, avalia Nobrega.
A IA tem sido aplicada no RH para automatizar tarefas como triagem de currículos, agendamento de entrevistas e processamento de benefícios. Essas automações liberam os profissionais para focarem em atividades estratégicas. Thiago Oliveira, CEO e fundador da Monest, destaca que a IA representa uma oportunidade de inovação que transforma o setor ao automatizar tarefas administrativas e melhorar a retenção de talentos. “Empresas que não adotarem a IA correm o risco de ficar para trás”, alerta Oliveira.
Nos últimos anos, a tecnologia tem remodelado o setor de RH, tradicionalmente marcado por burocracias e gestão manual. A automação tem promovido mais agilidade e eficiência. Henrique Flôres, cofundador da Contraktor e responsável pelo desenvolvimento do CK Reader, uma IA para análise de contratos, explica que as novas tecnologias já permitem otimizar a performance do setor. “A IA facilita a elaboração de documentos, automatiza controles e prazos, reduz riscos jurídicos e classifica dados para business intelligence, ampliando a eficiência do RH”, comenta.
A resistência cultural e as limitações orçamentárias ainda são barreiras para a implementação da IA, mas os especialistas indicam que empresas que superarem esses desafios poderão não só simplificar processos como também desenvolver estratégias de gestão de pessoas mais inovadoras e inclusivas.