A empresa utiliza uma meta de recrutamento interno para posições consideradas chave – 85% no período de 12 meses
Essa pode não ser uma visão compartilhada por todas as empresas. Mas a transferência de área de um funcionário em uma mesma companhia pode representar uma oportunidade de crescimento tanto para o colaborador quanto para a organização. Aqui na Atlas Copco, por exemplo, esse tipo de transição ocorre com bastante frequência. Vemos esse anseio com naturalidade, pois além de representar uma chance para o funcionário desenvolver outras habilidades, esse intercâmbio de valores intelectuais dentro da mesma empresa pode representar novas ideias e perspectivas para a companhia.
Por isso, desenvolvemos políticas claras de mobilidade interna, inclusive com uma ambição – 15% de transferências entre áreas ou unidades do Grupo Atlas Copco e/ou mudanças de cargo, na mesma área, em âmbito nacional ou internacional, em um período de 12 meses – objetivo concluído além do esperado no último ano, com taxa de 12,7%. Uma vez cumprida a sua missão na atual função, nossa política interna garante o direito do colaborador em executar sua ambição; caso o profissional não tenha recebido uma missão formal com prazo definido para conclusão, conta-se dois anos na atual função.
Além disso, a empresa utiliza uma meta de recrutamento interno para posições consideradas chave – 85% no período de 12 meses. Gostamos de ressaltar que nossa aspiração é que, quando um gerente geral se movimenta, toda uma cadeia se desloque para cima para que, no final do processo de promoções internas, nós possamos admitir um estagiário de fora da empresa.
As pessoas demonstram seu interesse se candidatando para as posições que são anunciadas no sistema interno de recrutamento. Todas as vagas devem ser, impreterivelmente, anunciadas, em âmbito mundial, com prioridade para recrutamento interno. Nossa atual gerente de Crédito e Cobrança foi transferida para essa posição após ter atuado como assistente de Gerência Geral. Outro caso foi um de nossos Gerentes de Manufatura, que foi promovido para Gerente Comercial de Linha de Negócios e, atualmente, foi transferido para a Bélgica para atuar como Vice-Presidente de Divisão.
No entanto, há um caso em especial que nos enche de muito orgulho. O atual Presidente Mundial da maior área de negócios do Grupo iniciou sua carreira na Atlas Copco Brasil, como estagiário de engenharia em nossa oficina interna em 1997. De lá para cá, ele passou a Engenheiro de Serviços Júnior, depois Engenheiro Pleno, Supervisor de Marketing de Peças e Serviços, Gerente de Serviços e Gerente de Pós-Vendas. Após essa parte da carreira no Brasil, candidatou-se à vaga de VP da Divisão de Serviços em nível mundial, baseado na Bélgica, e foi aprovado. Atuou na função e depois retornou ao Brasil como Gerente Geral para a área de Negócios de Construção. Após dois anos, retornou à Bélgica como Presidente Mundial da Divisão de Serviços, tendo em seguida sido promovido para Presidente Mundial da Área de Negócios de Compressor Technique, sua atual posição.
Em linha gerais, acreditamos que a grande vantagem nesse tipo de política de mobilidade interna está no desenvolvimento profissional, e sua consagração, no nível de motivação. Apesar de toda a transição envolver diversos tipos de desafios, não existem malefícios na prática. Mesmo se tomarmos como exemplo a disposição de uma pessoa em uma nova posição, sem que ela tenha experiência prévia na função/área, temos como contrapartida o ganho no aumento do conhecimento individual e organizacional. Como praticamente todos os gestores da empresa passaram por um processo de mobilidade interna, eles encaram este desafio como parte da sua missão.
Por Waldir Lúcio, gerente de Recursos Humanos da Atlas Copco