Esperemos que o tema de que vou tratar hoje não seja apenas um modismo e que perdure, tendo perenidade na cultura das empresas – notadamente nos Departamentos de Recursos Humanos. Trata-se do ESG, um conceito que tem se mostrado um verdadeiro diferencial das empresas, no Brasil e no mundo. ESG é a sigla em inglês para Environment, Social and Governance (Ambiente, Social e Governança). É um índice que mede o comprometimento das empresas com o respeito e atenção ao meio ambiente, mede o diálogo e adequação das empresas com as populações ao seu redor, e mede também a qualidade da governança, ou seja, o compromisso com a correção e a ética dos seus processos e relacionamentos.
Dentro do conceito de ESG, o RH é o responsável mais direto com as questões sociais da empresa. Essas questões estão ligadas não só às iniciativas das empresas para que sejam bem recebidas pelas comunidades onde as instalações estão inseridas, cuidando para que os processos de produção não poluam, não esgotem recursos naturais necessários para essas comunidades, não produzam ruídos exagerados e não impeçam a mobilidade, mas, a definição do “S” de ESG é muito maior: toda a empresa deve ter um compromisso com a diversidade.
Diversidade dentro da própria empresa. É o caso da questão do gênero. Incentivar os talentos femininos de maneira a ter uma proporção equalitária de lideranças de homens e mulheres – vamos lembrar que, nas Olimpíadas de Tóquio, as mulheres brasileiras foram responsáveis pela maior parte das medalhas do Brasil, e isso se especialmente ao fato de que nossa delegação era composta por 49% de mulheres. Consequentemente, equiparar os salários das mulheres em posição de liderança (ou mesmo em outros postos) aos salários dos homens na mesma condição, o que historicamente não ocorre, como têm mostrado as pesquisas da Thomas Case Associados, de que a diferença salarial é de 30%, em prejuízo das mulheres.
É o caso da questão étnica. Considerar que a diferença de etnia não implica diferença de capacidade. Negros, asiáticos, latinos, judeus, não são e não devem ser considerados inferiores, em potência pessoal e profissional, a membros da elite branca, caucasiana e endinheirada, como vemos acontecer, por exemplo, aos olhos preconceituosos da filmografia de até pouco tempo atrás. Não foi por acaso que o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2019 (“Roma”) foi dado ao diretor mexicano Alfredo Cuarón, e que o Oscar de melhor filme de 2020 foi dado a um filme coreano (“Parasita”), ambos tratando de famílias pobres. Em resumo, o preconceito mais degradante tem sido aplicado aos pobres – sejam de que etnias forem. Os RH precisam superar, nos seus processos seletivos, esse preconceito social de que pobres são inferiores. Nossos medalhistas de ouro em Tóquio foram negros, nordestinos e pobres. E, espero que, daqui para frente, todos conquistem seus sonhos e objetivos, com equidade. O ESG é apenas um passo. A estrada é longa, mas acredito que o futuro será promissor neste sentido.
É o caso da questão de orientação sexual. Pessoas do grupo LGBTQIA+ não são melhores nem piores do que pessoas de orientação heterossexual. São pessoas, com capacidades, habilidades e potencialidades como todas as outras. Suas atitudes e hábitos não interferem em nada em seus resultados profissionais. Cabe ao RH eliminar essa cortina de preconceito e suspeita que separa pessoas.
Portanto, o novo RH tem obrigações com a nova empresa que já é a empresa do futuro, aquela que respeita o meio ambiente, o social e a governança. É o RH que pesquisa, elabora e propõe estratégias nessas três áreas, para encaminhar ao CEO – que por sua vez vai apresentar ao conselho (consultivo ou deliberativo) para validação. E, cuidado, profissionais de RH: se vocês não tomarem essas providências, poderão ser cobrados pelo CEO ou pelo conselho, e vão ter que fazer a tarefa sob a pressão do prazo e do resultado. Por isso, antecipem-se, inovem-se e sejam o novo RH da modernidade do ESG.
Norberto Chadad é Engenheiro Metalurgista pela Universidade Mackenzie, Economista pela FGV, Master em Business Administration pela Los Angeles University, Mestre em Alumínio e Metalurgia pela Escola Politécnica da USP, Presidente da Thomas Case & Associados e da Fit RH Consulting, e tem “Paixão por Pessoas”.