Alquimia do Século XXI: Como a tecnologia está transformando RH em gestores de talentos
Kelly Coelho é Head de RH, Comunicação, Segurança do Trabalho e Facilities da SuperVia e Colunista Mundo RH
Fala-se muito sobre tecnologia para vender mais, ter mais visibilidade, oferecer novas experiências aos usuários etc. Mas os apoios tecnológicos também são muito bem-vindos na área de Recursos Humanos, podendo ajudar a criar estratégias que impactam positivamente nos colaboradores, líderes e gestores. Ainda que por um caminho diferente, no final das contas, isso também se reverterá em lucro, visibilidade e novas experiências. E o grande bônus é vermos uma empresa saudável, emocionalmente falando.
Quando usamos o people analytics, seja na hora do recrutamento, seja na rotina da companhia ou, ainda, para adequar a equipe a novas diretrizes, saímos da “primeira impressão” ou do senso comum e trabalhamos, de forma assertiva e justa, pelo bem da empresa e de todos os que a compõem. O people analytics não é um software ou ferramenta específica, mas é uma metodologia que utiliza a tecnologia para ajudar o RH a coletar, organizar, analisar e criar soluções eficientes.
Por meio de uma análise de talentos bem embasada e com técnicas de última geração, o potencial e a competência de cada colaborador saltam aos olhos. As falhas também ficam visíveis? Sim, mas além de identificá-las de forma precisa, pelo people analytics obtemos a informação necessária para elaborarmos uma mudança naquela situação. Primeiro, percebendo o que não está bom – por exemplo, a falta de engajamento, a insatisfação. Depois, entendendo melhor aquela pessoa para poder oferecer formas de ela voltar a se encantar com o trabalho. De modo mais amplo, também por esse método, o RH poderá checar o que estaria causando, por exemplo, a alta rotatividade na empresa – isso nunca é um acaso!
Cada pessoa é um universo, e usando essa metodologia de captura e cruzamento de informações, descobrimos riquezas nesses universos. Imaginemos: um bom gestor, com isso em mãos, conseguirá utilizar melhor aquela pessoa que tinha talentos e anseios até então ocultos. Quem sabe, nós mesmos, do RH, também não tenhamos um novo encantamento por aquela pessoa muito além do seu currículo e das impressões cotidianas? Ou ainda: e se esse funcionário tiver uma veia artística e for a chave para implementarmos alguma atividade lúdica na empresa que crie uma integração maior entre as equipes, um sentimento mais forte de pertencimento? Infinitas possibilidades se abrem…
Fontes
Se estamos falando de coleta, organização e análise de dados aplicada à gestão de pessoas, o primeiro passo é: onde buscar esses dados? O trabalho começa “em casa’, naturalmente, com a coleta de registros que já temos na empresa, como a marcação do ponto, que nos fornecerá o número de horas trabalhadas e a frequência; a folha de pagamento; a produtividade etc.
Depois é hora de se observar as redes sociais do funcionário, com suas ações, conexões e a sua participação em atividades externas. Vale a pena, também, promover conversas com o colaborador, que poderá demonstrar, de forma clara, suas expectativas em relação à sua função, ao setor, aos colegas e à empresa como um todo.
Importante não perder de vista o senso ético quando se tem as informações coletadas. Queremos otimizar processos e azeitar as relações dentro da empresa, e não criar dossiês ou vigiar o colaborador. Estamos em um time, e não em uma guerra – a meta é entender essa pessoa, para que seu potencial seja bem encaixado na estratégia da empresa. E quanto mais qualificados e mais reais forem os dados, chegaremos a uma melhor análise e, consequentemente, a decisões mais confiáveis.
Trabalhar com GENTE requer delicadeza, cuidado com sonhos, valorização de aptidões. O people analytics e toda sua imensa gama de dados gerados promete transformar a maneira na qual as empresas contratam, promovem e interagem com seus funcionários. Mas a primeira ferramenta é a sensibilidade de lidar com dados de uma vida.