A tecnologia acelera mudanças e, combinada a outras circunstâncias, como a pandemia de covid-19, impulsiona a inovação nas empresas, o que ocorreu com celeridade nos últimos dois anos. A internet hoje é 3.0 e já se fala em 7.0. Exageros à parte, nem tudo muda com a rapidez esperada, principalmente os modelos antigos de gestão corporativa, cuja maioria ainda se atém a práticas da revolução industrial.
Com tudo o que ocorreu nos últimos anos, você parou para pensar que, muito provavelmente, a forma de administrar sua empresa pode estar um pouco defasada?
Como CEO de uma agência criada há 15 anos, sócio-investidor e conselheiro de outras empresas, venho pensando, há algum tempo, em como modernizar suas estruturas e como colocá-las definitivamente no século 21, abandonando de vez velhas práticas que só emperram o processo. E engana-se quem pensa que seja somente sobre novas tecnologias.
Na Ginga, a agência de publicidade digital que meus sócios e eu fundamos há 15 anos, acabamos de adotar o modelo DAO – Organização Autônoma e Descentralizada para sua gestão e governança, além das suas três consultorias: Diva, Signa e TresPontoZero.
Informalmente, já vínhamos operando sob o sistema de uma DAO, ainda que não com esse nome. Há anos, já trabalhamos com vários profissionais que residem em outras localidades. Acreditamos – meus sócios e eu – que cada participante do processo tem voz ativa, colabora para definir regras e decisões, pode propor ou votar propostas para condução da governança de nossas empresas e assim contribuir para sua evolução.
Já faz um tempo – e agora oficializada em nossa DAO – que nós, os sócios, não tomamos mais decisões unilaterais. Temos uma comunidade que decide o que é melhor para o trabalho, para o cliente, para o grupo. E essas decisões, registradas na blockchain, são respeitadas e jamais alteradas sem a anuência de todos.
Não temos – e não somos – chefes, pois o pressuposto de uma DAO é interromper essa estrutura corporativa tradicional. As DAOs, por princípio, permitem que investidores, colaboradores e organizações operem em uma estrutura com a qual todos possam alinhar-se, com metas compartilhadas que favorecem a coesão e inovação, ao invés de resultados puramente financeiros e/ou de curto prazo.
Outro ponto a ser levado em consideração é que o modelo DAO acaba permitindo que as organizações removam preconceitos inconscientes de idade, raça e gênero e recompensem por contribuição. Desta forma, oferecem um ambiente mais justo do que uma estrutura corporativa tradicional. É a força do grupo, mas respeitando e potencializando os talentos individuais.
O modelo funciona para qualquer tipo de organização? Sim, indiscutivelmente. Inclusive veremos, futuramente, cidades, Estados e até mesmo países operando como uma DAO.
Pense nisso. Não que você deva implementar um modelo de DAO em sua empresa hoje, mas refletir como sua gestão pode estar defasada. A dinâmica do mundo muda constantemente e com maior velocidade nos dias atuais. Portanto, todos os gestores deveriam estar não apenas mais conectados a esta dinâmica, mas trabalhar constantemente para implementar mudanças no dia a dia de suas empresas.
Pedro Augusto Murray Del Priore é sócio-fundador da Gira DAO e de suas quatro marcas: Ginga, Signa, TresPontoZero e Diva. É também sócio-fundador da Tecbio e membro do conselho da Mobile Marketing Association.