Por Diogo Cortês, arquiteto e fundador da Osmose Coworking
Nunca precisamos ser tão flexíveis como no último ano. A partir do momento em que a pandemia se instalou no país, tivemos de nos adaptar a um modelo de trabalho bem incomum para grande parte dos brasileiros. Segundo levantamento da EDC Group, 62% dos profissionais tiveram a sua primeira experiência de trabalho remoto na pandemia.
Nesse sentido, fomos obrigados a aprender rápido a organizar o tempo, a saúde mental e, claro, a produtividade. Com o passar de um ano, porém, é possível vislumbrar uma nova movimentação no horizonte: a adesão do formato híbrido de trabalho – dentro e fora do escritório. Segundo um levantamento da consultoria de recrutamento Robert Half, 86% dos colaboradores preferem o modelo de trabalho híbrido. Ou seja, um número expressivo que justifica a adesão do formato por 43% das empresas brasileiras, segundo o IDC e Google Cloud.
Esses estudos apontam, portanto, que o futuro do trabalho já está sendo desenhado. Isto é, ao contrário do ano passado, onde tudo aconteceu tão rápido, neste ano, as empresas estão tomando decisões mais calculadas para a retomada ao formato presencial. Mas, será que elas sabem como voltar?
Grande parte das empresas abriram mão dos seus escritórios em 2020. Estima-se que só em São Paulo, cerca de 302 mil metros quadrados de escritórios foram devolvidos. Para o segundo semestre desse ano, porém, ao que tudo indica o movimento é de reconstrução. No entanto, este é um cenário ainda incerto, já que a pandemia ainda não findou e, neste caso, como é possível voltar para um endereço sem agir de forma irresponsável com as finanças?
O built to suit possui a flexibilidade para um momento de incertezas
No português, construído para servir, built to suit é uma modalidade de serviço onde o imóvel é desenvolvido de maneira customizada para as companhias. Esse é um formato razoavelmente novo no país, reconhecido por lei em 2012. Na prática, uma determinada empresa encomenda uma construção – ou reforma – de um espaço para, em seguida, alugá-lo. Mas o que isso tem a ver com o momento atual?
A flexibilidade oferecida pela modalidade conversa diretamente com a movimentação atual do mercado. Afinal, o built to suit possibilita que as companhias avancem para o formato híbrido de maneira gradual, responsável e, principalmente, sem grandes investimentos. Isso porque, neste formato quem arca com todos os custos da construção é a empresa responsável pela locação e o custo é diluído mensalmente junto do valor da locação. Assim o investimento do escritório deixa de ser CAPEX e torna-se OPEX.
Outro ponto crucial que chama a atenção de grandes companhias para o built to suit é a garantia de contar com profissionais especialistas no assunto. Ou seja, pessoas que tem know how para desenvolver o projeto. O que possibilita redução de custos e, claro, otimização de tempo. É possível ainda encontrar empresas que melhoram o formato e ainda promovam melhores acomodações e menos preocupações para os gestores. Afinal, funcionam como uma espécie de coworking particular, isto é, com todas as vantagens de uma hospedagem, mas sem o compartilhamento de espaços.
Enfim, o modelo apresenta as funcionalidades necessárias para uma retomada estratégica. O futuro do trabalho deverá oferecer aos funcionários mais flexibilidade, diversificação de serviços e ambientes sustentáveis para estimular a colaboração e a inovação. Nos últimos anos mudamos a forma de assistir, de se locomover e de morar e ao que tudo indica, estamos prestes a mudar a forma de ocupar espaços profissionais.