Com a chegada da pandemia, o número de casos de pessoas com a saúde mental abalada aumentou, com isso, ficamos atentos aos sinais amarelos gerados pela depressão e a ansiedade
Por José Carlos Nascimento – Diretor de Pessoas e Cultura da IOB, smart tech que une conteúdo e tecnologia para alavancar empresas e escritórios de contabilidade
Cerca de 15% dos trabalhadores vivem com algum transtorno mental no mundo. O alerta foi feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Este dado preocupante envolve, diretamente, o RH das empresas, área que deve ter como principal propósito cuidar e dar suporte às pessoas. Mas e quando se está 100% home office, como estar antenado para oferecer ajuda e, antes disso, trabalhar na prevenção?
A câmera aberta tem se mostrado um caminho essencial! É um detalhe que pode passar batido no dia a dia, mas é a chance de o líder ver o colaborador e tomar atitudes em prol dele. Quando falamos na saúde mental dos trabalhadores em home office, observamos que a câmera aberta significa empatia, atenção e humanização do contato virtual. E isso virou uma das premissas dos programas de saúde mental e cuidado com os colaboradores da IOB.
Além disso, implementamos programas de qualidade de saúde mental e parcerias com plataformas de orientação psicológica online para atenção e suporte de mais de 1.000 colaboradores. E sabemos que esse trabalho de prevenção da saúde mental não deve ser sazonal, mas contínuo e sustentável. Não se trata de mais um “programa de Recursos Humanos”. Vai além e caminha junto da cultura da empresa e, principalmente, de como as ações são feitas e sustentadas.
Hoje, a IOB completa três anos 100% home office e sem intenção de retomar ao presencial. Antes, os colaboradores ficavam concentrados em escritórios em São Paulo, Paraná e Pernambuco. Agora, temos funcionários espalhados em 20 estados do país e no Distrito Federal, do Pampa gaúcho à Amazônia, e recrutamos talentos de todo o Brasil. Então, diante deste cenário, não é segredo que tivemos que nos reinventar.
Para isso, contamos com o apoio total de nosso presidente, Jorge Santos Carneiro. Ele é o principal apoiador para colocarmos em prática o que é idealizado no âmbito da saúde mental. Ele trouxe profissionais e presidentes de outras empresas para falar sobre a importância de ter um ambiente saudável e cuidar das pessoas, de forma aberta e sem medo de ser vulnerável. Falamos muito sobre vulnerabilidade, já que, no geral, os profissionais têm medo de se abrir.
Para dar certo, focamos no trabalho de liderança e desenvolvimento de novos líderes engajados. Mas como preparar as lideranças para que elas estejam próximas, genuinamente, dos times e focadas em realizar a gestão da saúde mental dos colaboradores? A resposta é: com muita comunicação.
Nós temos que fazer a comunicação ser eficiente, no intuito de ser transparente, e trabalhar a conscientização dos líderes. Muitas vezes, o óbvio não é tão evidente e precisa ser dito e conversado. É verdade que houve uma evolução de alguns anos para cá, mas quando falamos de saúde mental, ainda existem muitas barreiras a serem superadas.
Com a chegada da pandemia, o número de casos de pessoas com a saúde mental abalada aumentou, com isso, ficamos atentos aos sinais amarelos gerados pela depressão e a ansiedade. Assim, capacitamos os gestores para identificá-los, uma vez que são sinais perceptíveis. Por exemplo, quem era muito espontâneo e ultimamente anda fechado, com poucas palavras, tímido nas reuniões, se posicionando pouco e tem mudança repentina de humor, demonstra sinais a serem investigados.
Por meio deles, podemos prevenir e evitar que esse quadro evolua para um pico de ansiedade, depressão, burnout ou, até mesmo, problemas de pânico. Neste caso, reafirmo que a câmera aberta é uma chance do líder ver o seu colaborador e tomar atitudes em prol dele, não canso de bater nesta tecla.
O papel do RH é sempre ressaltar aos líderes sobre a importância de observar as pessoas à sua volta e não deixar em segundo plano a saúde psicológica do time. É essencial lembrar que uma equipe engajada é infinitamente mais criativa e essa equação passa pela qualidade da saúde mental. Então, ressalto que podemos e devemos cuidar das nossas pessoas mudando hábitos e, acima de tudo, criando uma cultura de cuidado genuíno, olho no olho, com a câmera aberta.