Nunca se falou tanto em cultura organizacional e propósito como nos tempos atuais. Mas por quê? Por que esses temas ganharam tanta importância? Qual é de fato o impacto da cultura e do propósito nos negócios e na sustentabilidade das organizações?
É importante destacar que a cultura tem a ver com a identidade organizacional, a maneira que a empresa realiza negócios e se relaciona com seus clientes. Esse jeito de ser tem base nos valores que compartilhamos com todos que integram o ecossistema em que estamos inseridos, e abrange todas as práticas, hábitos, princípios e valores dentro de uma empresa. As organizações vivem constantemente conciliando dois aspectos que podem parecer antagônicos: desenvolver uma cultura forte, reconhecida por todos e ao mesmo tempo ter a flexibilidade de evoluir e acompanhar as mudanças do mercado.
A ideia é que todos entendam essa cultura e partilhem dos mesmos valores a fim de fixar uma coerência entre a companhia e seus colaboradores. Afinal, ela se expressa em todas as ações, tanto internas como externas. Pode-se dizer que a cultura é a personalidade da organização e, obviamente, ela tem forte influência de todos os líderes que conduzem os negócios, desde a fundação da empresa, e está em constante mudança e evolução. Por não ser algo estático é importante que tenha essa flexibilidade para se relacionar e se adaptar, de forma harmônica, com o ambiente e com as demandas da sociedade.
Assim como dizemos que os indivíduos se revelam nos momentos de crise, o mesmo ocorre com as empresas. A pandemia trouxe à tona a possibilidade de conhecer mais a fundo os valores organizacionais. E essa coesão interna transforma-se em vantagem competitiva e diferencial no mercado. A base dessa coesão tem a ver com um alinhamento forte de propósito organizacional e individual. Ao se identificar e compartilhar dos valores cria-se uma força coletiva muito superior, capaz de fazer frente aos desafios e enfrentar momentos de crise.
Vejo a marca como a expressão dessa personalidade, sendo a forma como a empresa se coloca diante dos clientes e da sociedade. Cultura e marca andam de mãos dadas, são inseparáveis. A marca ajuda a tornar mais claro os valores organizacionais a todos os públicos envolvidos, tem que ser vivida e deve começar internamente.
Nesse sentido, as áreas de marketing e RH devem atuar de maneira integrada para dar consistência ao novo posicionamento de marca e ao fortalecimento da cultura organizacional. A esses valores centrais devem ser associadas novas características, que podem ser expressas por novos comportamentos, novas formas de relacionamento com clientes, consumidores e colaboradores. Por essa razão, é muito importante identificar aqueles valores que fazem parte do DNA do negócio e que são inegociáveis, sob pena de descaracterizar a empresa e perder a identidade
Estamos vivendo o grande desafio de preservar e fortalecer nosso DNA, os valores centrais que nos trouxeram até aqui e simultaneamente evoluir e acompanhar as mudanças da sociedade, as demandas dos clientes e dos colaboradores. Para que a marca seja realmente forte e coerente deve estar embasada nos valores e no propósito da organização, caso contrário corre o risco de tornar-se vulnerável e passageira. A marca deve estar sedimentada neste propósito e estar presente no dia a dia das pessoas e não apenas nos grandes eventos.
A cultura influencia o comportamento dos colaboradores e molda a imagem corporativa passada ao público em geral, sejam clientes, parceiros ou acionistas. Isso impacta na aceitação e consumo dos produtos e serviços. Até porque marca, cultura e liderança são dimensões indissociáveis, e fazem parte da identidade organizacional e sua expressão para o mundo externo. Pois, uma cultura organizacional positiva e a construção de uma imagem sólida são fatores essenciais para o crescimento sustentável da empresa. Quando há uma equipe coesa, que entende e se identifica fortemente com os valores internos, fica muito mais fácil aumentar os resultados positivos ou até mesmo se recuperar diante de uma crise. Há uma unidade entre as diferentes pessoas que compõem uma organização, uma força única em busca dos objetivos.
Rose Gabay é Diretora de Recursos Humanos do grupo Odontoprev