Um antigo provérbio latino diz: “Ne nuntium necare” (ou: “Não mate o mensageiro”). Ele se refere às guerras muito antigas, nas quais há relatos que Gengis Khan, entre outros líderes, matavam os mensageiros que lhes traziam notícias ruins.
Esse provérbio é extremamente atual, nas companhias, e alerta as lideranças: é preciso que o principal executivo saiba ouvir seus liderados. E, nem sempre, eles trarão apenas notícias boas aos seus ouvidos.
Saber ouvir faz parte da inteligência emocional de qualquer liderança. E, como o papel do líder pode ser muito solitário, é necessário que ele se cerque de especialistas capazes de o ajudar no seu posto. Mentores; coaches profissionais; outros executivos com os quais se possa trocar informações, ideias e conteúdo. Vale investir em profissionais que deem apoio para que se criem competências que supram a habilidade de ver nos liderados uma fonte de informação inesgotável e muito oportuna, capaz de interferir, inclusive, no plano estratégico da companhia.
Quando o executivo principal é capaz de entender que as mensagens que lhe são trazidas desta forma são grandes contribuições, gera enorme confiança em suas equipes. Cuidar de seu time de liderança nível 1, aquele que está logo abaixo dele, é imprescindível. São esses os profissionais que sabem como é sua forma de agir – e sem que exista o mínimo de proximidade profissional com essas pessoas, certamente seu trabalho será dificultado.
Não escutar, dificultar a comunicação, ignorar o que chega aos seu conhecimento ou – pior! – criar situações de constrangimento para aqueles que são portadores de conteúdos que descortinam dados e fatos nem sempre positivos cria não apenas o distanciamento, mas o medo e a insegurança de quem gostaria de ver mudanças significativas, que poderiam melhorar processos, solucionar problemas e ampliar resultados.
Não estou falando sobre dar voz ao pessimismo ou ir apenas atrás de notícias ruins. Longe disso! Quando digo para ‘não matar o mensageiro’, refiro-me ao fato de que é imprescindível discernir entre o mensageiro e a mensagem, maximizando o conteúdo e evitando deixar transparecer que notícias desagradáveis o incomodam, ao ponto de constranger quem está lhe transmitindo a informação.
Se você assumiu o papel de liderança, certamente tem qualificações importantes para o cargo. Uma delas certamente é a de cuidar de pessoas e investir nelas. Ouvir com clareza ajuda a pensar com clareza.
Marcelo Tertuliano é mestre em Administração de Empresas, com 25 anos de experiência na função financeira, dos quais, 17 anos em posições de liderança. Atualmente está à frente da área financeira de uma grande mineradora brasileira atuando em Moçambique.