Por Lilian Giorgi, diretora sênior de Recursos Humanos da Alvarez & Marsal Brasil
Quem acredita que o papel atual da área de Recursos Humanos está relacionado apenas a recrutamento, treinamento, seleção e avaliação de colaboradores está bem equivocado. O papel do RH vem mudando ao longo dos anos, bastante impulsionado por um movimento que chegou em 2004 e segue inovando o cenário empresarial até hoje: o ESG, sigla para Environmental, Social e Governance (Meio Ambiente, Social e Governança, na tradução literal).
Essas três letras vêm despertando com mais ênfase um ar de mudança nas organizações. A importância de preservar o meio ambiente, melhorar a responsabilidade social e aperfeiçoar práticas de governança tornaram-se requisitos inestimáveis atualmente, e ganha cada vez mais força em escala global.
Mas afinal, o que RH tem a ver com isso? Ora, tem tudo a ver, afinal é um movimento que deve permear a cultura da empresa e contar com o engajamento genuíno dos colaboradores e da liderança, principalmente. E se tem uma área que entende de pessoas, estratégias de mobilização e engajamento, cultura empresarial é o RH.
Nosso primeiro passo para direcionar uma estratégia interna, o desenvolvimento de novas políticas e melhores práticas ESG foi criar o Comitê de Sustentabilidade ImpactAM. Nosso time, inclusive, já começou a medir a emissão de CO² em alguns dos nossos projetos, visando à neutralização de seu impacto no planeta. Acreditamos que passos como esse nos levam a um relacionamento mais engajado com o meio ambiente.
Mas não podemos esquecer que uma empresa deve caminhar e se adaptar às novas tendências e realidades em prol da responsabilidade social também. Nosso Comitê se preocupa com impacto social que estamos gerando. Queremos contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva. Por isso, desenvolvemos projetos internos com os nossos grupos autogeridos, como o Proud to be (P2B), o Proud to be Black (P2BBlack) e o Conectando Mulheres, que promovem ações voltadas à diversidade & inclusão; e externos com o InvestFavela, que leva mentoria às startups em estágio inicial e ONGs; além do Inovaescolas e o Young Profissionals.
Quando se trata de ética e conformidade, temos a política de “portas abertas” para reforçar e incentivar nosso pessoal a falar sobre qualquer tema ou incômodo. Seguimos um papel dinâmico e predominante para alavancar ainda mais o conceito e as práticas ESG na empresa, despertar os funcionários, aumentar os ativos e chamar a atenção de novos investidores em todos os aspectos. Na minha visão, devemos ser líderes em função de um fortalecimento cultural e consciente.
Acho cativante a forma como esse tema está transformando a sociedade para viver em um mundo melhor e mais saudável para todos. A política ESG nas organizações, através do RH, está se conectando mais com as pessoas, mostrando novas soluções, escutando novas ideias e modificando o indivíduo.
Deste movimento, destaco alguns pilares como o desenvolvimento de lideranças, a segurança psicológica dentro do ambiente de trabalho, a cultura de sustentabilidade e a responsabilidade ambiental. Diante de tudo isso, o papel do RH é ser o fio condutor de toda esta temática e engajar a companhia como um todo.
Sim, é sobre criar pontes e conexões com impacto real para a vida das pessoas e sociedade. É a ponta do fiapo sendo puxada para a abertura de novos tempos.