Dos mais de 10,000 profissionais que integram os conselhos das empresas da Fortune 1000, apenas 3% são executivos da área de Recursos Humanos. São crises como essa pandemia do Covid-19 que nos lembra da importância desses profissionais.
Empresas e governos ao redor do mundo estão tomando diversas medidas para reduzir impactos econômicos negativos que a pandemia traz, e garantir que a maioria dos negócios consigam sobreviver a esses tempos turbulentos.
Quem agora é a principal fonte de consulta para que medidas possam ser tomadas na empresa? Os profissionais de RH. Por isso eu e minha equipe estamos escutando cada vez mais funcionários dessa área comentando que agora estão ganhando muita visibilidade e poder de ação.
Mas isso tudo não vem de graça. Ações extremamente difíceis estão tendo que ser tomadas para manter um fluxo de caixa que faça com que a empresa sobreviva ao coronavírus e garanta a saúde e bem-estar de colaboradores.
Nas últimas semanas, eu mesmo tenho passado incontáveis horas com minha equipe de RH traçando vários cenários para entender onde podemos cortar custos tentando afetar o mínimo de headcount possível e mantendo boas condições para nossos colaboradores.
A agilidade para tomar essas decisões também é crucial para que as estratégias sejam bem executadas e sucedidas. Em um dia, coloquei todos os funcionários da G4 Global Partners em Home Office (teletrabalho) e mapeamos colaboradores que poderiam se ausentar da empresa neste momento e elaboramos uma escala de férias para esses.
Outros clientes meus tomaram essas ou mais ações, especialmente com a nova Medida Provisória do governo que visa ajudar empregadores a preservar seu fluxo de caixa e evitar demissões.
Além da antecipação de férias e da implementação do teletrabalho, algumas das tendências que venho observado no mercado é a redução da jornada de trabalho, corte nos salários de executivos, suspensão de contratos por até 2 meses e a elaboração de um regime especial de banco de horas.
A boa notícia é que a maioria das empresas não estão considerando demissão. Em um ato de solidariedade e na tentativa de reduzir reveses econômicos, a #nãodemita bombou no Twitter e LinkedIn e convidou empresas a se comprometerem a não fazerem desligamentos.
Esse apelo feito por empregadores para empregadores considera o lado do funcionário que, além de estar sofrendo com os impactos que a pandemia vem trazendo para sua rotina, pode ser devastado por uma demissão em pleno tempo de quarentena e crise econômica.
Além disso, o movimento levanta o excelente argumento que a crise é passageira, e demitir para salvar resultados a curto-prazo pode ser extremamente danoso a longo-prazo quando o mercado eventualmente restabelecer a normalidade.
Porém, nem todas as estratégias são voltadas para o controle de fluxo de caixa e boas práticas para manter o time saudável. Outro ponto que acho relevante levantar é que muitas empresas, inclusive alguns clientes meus, continuam com seus processos seletivos e de admissão, mas agora sendo feito totalmente online.
O candidato e até mesmo o novo colaborador não estão tendo contato físico com ninguém da equipe da empresa. Entrevistas estão sendo conduzidas em plataformas como Skype e Google Hangouts enquanto o uso de carteiras de trabalho digital vem sendo ampliado e termos de contrato estão sendo assinados virtualmente.
Esse vai ser um período transformador que para preservar empregos, economia e negócios, profissionais de RH vão ter que buscar soluções em medidas pouco exploradas e até mesmo na sua própria criatividade.
Mas, não basta apenas as equipes de recursos humanos se mobilizarem. Elas têm que ser amparadas por ações do governo e do judiciário que precisam tomar consciência da situação (algo que já vêm acontecendo) e permitir flexibilização de leis e adaptar regulamentações para esse tempo de calamidade.
Ações conjuntas e criativas de empresas com governo vão ser fundamental para que a maioria possa passar por essa crise se mantendo saudável e estável financeiramente.
Por: Ricardo Bevilacqua, CEO da G4 Global Partners