Por Cristiano Soares, country manager da Deel no Brasil
No momento em que escrevo este texto, o aeroporto está cheio de jovens promissores e talentos consolidados embarcando em um avião sem previsão de volta. A crise financeira, o desemprego e a instabilidade têm provocado uma fuga de profissionais qualificados do Brasil para outros países. Do lado de cá, as empresas precisam lidar com os gargalos e se virar para conseguir superar os desafios do mercado.
A batalha é quase injusta. Com o real desvalorizado, é difícil para as companhias oferecerem salários competitivos que convençam os colaboradores a permanecer atuando em território nacional. Em mercados disputados, como o de tecnologia e inovação, a tarefa de conquistar o aceite dos candidatos ou mesmo de reter profissionais se torna ainda mais complicada.
As empresas precisam, então, adotar estratégias para remediar estas perdas e continuar entregando resultados relevantes. A primeira delas é investir em mais capacitação. Buscar profissionais dentro da própria companhia que estejam dispostos a mudar de área ou procurar jovens de universidades em busca de uma experiência de aprendizado e consolidação profissional.
Mas há uma outra estratégia que pode funcionar neste mercado, ideal para empresas que precisam de colaboradores mais sólidos e preparados para atender as demandas atuais, mas sem tempo para esperar o amadurecimento de novos talentos ou dinheiro para competir com mercados como o norte-americano e o europeu. A solução pode ser contratar pessoas que vivem em países onde a moeda é mais desvalorizada que o real.
A globalização, os avanços na comunicação e a democratização dos avanços tecnológicos vêm impulsionando o nascimento de novos polos de tecnologia no mundo. Diversos países da África e da América Latina, que antes passavam despercebidos em debates sobre inovação, agora são peças centrais no desenvolvimento deste setor. Não à toa, hoje, milhares de jovens destes locais passaram a ocupar espaços centrais nesta discussão.
No entanto, ao mesmo tempo que os profissionais brasileiros são muito valorizados no exterior, boa parte dos talentos oriundos de países menos consagrados no mercado mundial continuam à espera de uma oportunidade para participar de projetos maiores e mais impactantes. É neste cenário que as empresas brasileiras podem atuar, oferecendo uma chance para que elas se desenvolvam ao mesmo tempo em que ajudam as companhias.