A necessidade das empresas de se transformarem digitalmente para se manterem competitivas não se trata apenas da implementação de tecnologias, mas de uma mudança cultural que começa ao colocar o seu primeiro cliente no centro: o colaborador. Por isso, a jornada da Transformação Digital das companhias se inicia na área de Recursos Humanos. Já que as mudanças começam na captação e continuam no engajamento de talentos na empresa.
No tempo do protagonismo, a flexibilidade na rotina, a transparência nos processos e os espaços menos hierarquizados são algumas das demandas mais frequentes dos talentos, principalmente os da nova geração. Notamos que a prioridade destes jovens não está apenas no salário, mas na qualidade de vida que a empresa proporciona e no propósito das funções que desempenha.
Agora, como a área de Recursos Humanos pode tornar a empresa atrativa para estes talentos, que estão sendo constantemente assediados com outras propostas de emprego, no ambiente de uma companhia bimodal? Ou seja, como viabilizar a inovação e a agilidade numa estrutura tradicional?
A resposta está no diálogo e na integração, uma vez que o grande desafio das empresas é garantir que, em meio a tantas flexibilizações, o ambiente de trabalho seja atrativo. Por isso, a importância de o espaço físico acompanhar este novo pensamento. Nele, a ausência de divisórias, as mesas não designadas e o investimento em áreas de descanso são algumas apostas de sucesso.
Neste ambiente de inovação, outra proposta de efetividade e, também, de afetividade é uma nova estrutura composta por squads, os pequenos times multidisciplinares com objetivos em comum, e por tribos, responsáveis por gerenciar um determinado número de squads. A partir destes grupos, torna-se possível identificar os desafios do negócio com facilidade e viabilizar as soluções, além de contribuir para descentralizar a tomada de decisões.
Neste caso, é importante se empenhar para ressignificar as funções por meio de metodologias ágeis que fomentem a criatividade. Aí, faz-se necessário o investimento em tecnologias que viabilizem esta agilidade e facilitem os processos da empresa. Afinal, uma coisa é falar sobre transformação e outra é ser digital.
Entretanto, para essas ideias saírem do papel, não basta apenas o comprometimento do departamento de pessoas, é necessário o apoio quase que incondicional das altas lideranças. Para isso, priorize uma comunicação que seja fluente, frequente e transparente com estes executivos que, normalmente, funcionam a base de dados e precisam de didática para entender o valor do capital humano, que muitas vezes não pode ser tangibilizado.
Uma saída para esta situação é montar alguns programas de inovação que demonstrem a importância da horizontalidade e de um processo menos burocrático e com mais colaborativismo. Neste ponto, será necessário paciência, insistência e casos de sucesso para transitar de um modelo tradicional de chefia, no qual verbera o comando e o controle, a uma liderança mais participava para novos liderados.
Para a área de Recursos Humanos, o caminho não é simples e está em constante mutação, mas é importante lembrar-se que discutir sobre Transformação Digital, é falar sobre pessoas. E para evoluir numa empresa com um modelo mais tradicional talvez seja necessário construir a própria ilha de pensamento e gerenciamento. Nela, troque o ‘sangue nos olhos’ dos colaboradores e fomente o ‘brilho nos olhos’. Boa sorte!
Angélica Assunção é Head de Recursos Humanos da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital.