Sem se ater a terminologias geracionais, empresa deve estar preparada para os colaboradores que chegam cedo ao mercado de trabalho cada vez mais antenados com as tecnologias e as tendências mundiais
Colunista Mundo RH, Kelly Coelho é head de RH, Segurança do Trabalho e Facilities da SuperVia
No geral, as empresas possuem um corpo de colaboradores de diversas faixas etárias, que começa com jovens aprendizes e estagiários e se estende até para alguns profissionais aposentados que, por necessidade ou prazer, continuam na ativa. Para todos eles se sentirem bem e produtivos no ambiente de trabalho, duas atitudes são importantes: manter todos “na mesma página”, ou seja, por dentro dos processos corporativos, e valorizar seus potenciais e conhecimentos.
Quanto aos funcionários mais maduros, é certo que um RH sério vai sempre valorizar suas experiências e trajetórias. Por isso, vamos focar, por hora, nos mais novos. A maioria está, hoje, tendo sua primeira experiência no trabalho. Jovens nascidos na virada do século 21 podem ser associados à chamada Geração Z, mas essa denominação não é importante. O que nos interessa é entender como integrar esses jovens e entendê-los da melhor forma possível.
Integrar e reter
É preciso que os líderes estejam atentos às novidades. As mudanças tecnológicas são muito rápidas, e o comportamento dos mais conectados acompanha essa rapidez. Para eles se sentirem parte do todo empresarial, vale a pena estar aberto a escutá-los sem julgar seus interesses ou a forma como se expressam.
Essa conversa se torna rica, pois podem surgir ideias a serem incorporadas à empresa. Pode-se considerar adotar um novo sistema de comunicação instantânea a partir da dica desses jovens, ou usar seus conhecimentos para desenvolver alguma ação interativa com os clientes. A empresa pode, ainda, dar uma demonstração de que também está antenada, disponibilizando um espaço para que esse grupo se reúna para, por exemplo, falarem do lançamento de um filme ou de um game muito esperado.
Esses estímulos garantem uma equipe feliz, orgulhosa de pertencer àquela empresa. É uma forma de reter jovens talentos, um grupo que geralmente gosta de se aventurar em novas funções e novos desafios. Reter e desenvolver esses jovens vai levar a companhia a ter futuros bons líderes, que vestem a camisa e se sentem apoiados em suas decisões.
De acordo com um relatório da Deloitte, especialista em auditoria e consultoria empresarial, 75% desses jovens preferem um emprego que ofereça total flexibilidade ao invés de um emprego que ofereça, em detrimento disso, um salário maior. E isso tem acontecido nos mais variados ramos. Afinal, com o período da pandemia de coronavírus, o mundo entendeu que parte das funções de uma empresa pode ser feita em um sistema híbrido, 100% remoto e/ou com horário flexível.
Cuidados
Parte dessa nova geração, que já nasceu conectada e aprendeu a solucionar os problemas de forma cada vez mais criativa e inovadora, pode, em alguns casos, apresentar um comportamento um tanto ansioso com relação a reconhecimento e promoções. Cabe aos líderes dosar a valorização das competências desse colaborador e dos outros funcionários, deixando claro que existe um tempo e um caminho que nem sempre terá atalhos.
Outro ponto de atenção é com relação à forma como essa geração se mostra para o mundo, seja pelas roupas, cortes e cores de cabelos etc. Até que ponto o que está fora do chamado “normal” deve ser proibido? Isso poderá ser avaliado caso a caso, e colocado de forma muito clara caso determinada vestimenta ou acessório realmente não tenha condições de ser aceito.
O segredo para essa integração é: líderes com olhos e ouvidos atentos, sem pré-julgamentos e munidos de uma comunicação muito clara e respeitosa.