O Brasil alimenta o mundo. Mesmo durante uma pandemia, o agronegócio brasileiro foi capaz de atender às demandas internas e ainda bateu recordes de exportação. Segundo estimativa da Organização das Nações Unidas – ONU, até 2050 a população mundial chegará a quase 10 bilhões de pessoas, ou seja, a demanda continuará aumentando e, de acordo com projeções do Ministério da Agricultura, na próxima década o Brasil permanecerá como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo.
O País precisa de pessoas bem-preparadas para encarar o desafio de dar suporte às demandas internas e externas, tornando o agronegócio um mercado de trabalho amplo e diverso, tanto para os profissionais que desejam trabalhar diretamente no campo como para os que almejam postos de trabalho nas indústrias do setor. E, graças à evolução tecnológica do agronegócio, hoje os jovens veem no meio rural uma excelente oportunidade para construir carreira.
Agora, quando falamos de agronegócio, nos referimos também à Inteligência Artificial, Big Data, IoT, Machine Learning, e isso tem transformado os modelos de trabalho dentro do setor. O que parecia história de ficção científica se tornou realidade com as máquinas agrícolas – que ganharam, inclusive, o apelido de ‘transformers do campo’. Hoje, os equipamentos utilizados contam com hardwares e dispositivos, softwares integrados, plataformas de dados e aplicativos, e tudo isso tem tornado o trabalho no meio rural muito menos braçal e exigido muito mais da mente.
Outra novidade que tem agitado o setor é o aumento no número de agtechs, startups que promovem inovação no agronegócio por meio de novas tecnologias. Estas empresas têm como objetivo desenvolver soluções que tragam maior produtividade e rentabilidade para os agricultores, muitas delas inclusive se propõem a contribuir com um agronegócio cada vez mais sustentável, tornando esse nicho de trabalho ainda mais atrativo.
Novo perfil profissional
O mercado tem se transformado e o perfil dos profissionais para atuar no setor também. As mudanças têm tornado o campo um lugar mais atrativo para os jovens interessados em desempenhar atividades rurais, ligadas, principalmente, à tecnologia e inovação. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) em 2017 revelou que a presença de pessoas com idades entre 20 e 35 anos saltou de 15% para 27%, em comparação com o levantamento anterior da instituição.
Os profissionais que atuam no segmento precisam ser capazes de solucionar não apenas falhas técnicas, mas também de sistemas operacionais. Precisam ter habilidades para ajudar o produtor a ajustar, e otimizar a operação dos equipamentos. Além disso, devem ter a capacidade de realizar diagnósticos únicos, assertivos e rápidos, utilizando-se de todos os recursos que a tecnologia disponibiliza para encontrar melhores resultados.
Buscar capacitação técnica e ficar atento aos debates sobre inovação, tendências do mercado, empreendedorismo e sucessão familiar são algumas dicas para quem se interessa em desenvolver uma carreira nessa área.
Mudanças também nas empresas
Empresas que trabalham para atender o produtor rural também devem acompanhar essas transformações e entregar produtos e serviços que apoiem seus consumidores na tarefa de extrair o máximo em produtividade e segurança das lavouras. Além disso, é importante que seus funcionários se sintam estimulados e envolvidos com os objetivos da companhia.
Para abraçar de vez os jovens interessados em atuar neste setor, é necessário propor resoluções ágeis, inovativas e colaborativas, e ter um ambiente diverso e inclusivo. A combinação de diferentes perfis de pessoas, culturas e experiências agrega valor, melhora a convivência, permite a troca e o aprendizado e, também, reflete em resultados positivos para o negócio.
É importante dar espaço para que esses jovens possam se expressar. Cada geração tem seu modo de enxergar o mundo. Sempre temos muito a ensinar e a aprender uns com os outros. São novos tempos que exigem novas posturas. A tecnologia contribui – e muito – para nossa missão de alimentar o mundo, mas são as pessoas as ferramentas essenciais para tornar essa missão possível.
Por Wellington Silvério, diretor de Recursos Humanos da John Deere para América Latina