Para criar um ambiente de trabalho que vá além da mera remuneração, é essencial investir em nutrição emocional, estabelecer limites claros e oferecer suporte ao desenvolvimento pessoal dos colaboradores.
Por Graziele Piva, Colunista Mundo RH e Fundadora da Youniq RH
Muito se fala sobre o sucesso e a produtividade em ambientes de trabalho, e muitas vezes a primeira imagem que surge é a da remuneração. O dinheiro é, sem dúvida, um motivador importante, mas não suficiente para manter a satisfação e o comprometimento a longo prazo. A verdadeira motivação humana vai além do valor monetário e envolve fatores psicológicos e emocionais mais complexos.
John Bowlby, psiquiatra e psicanalista britânico, é amplamente conhecido por suas contribuições à teoria do apego. Em obras como “Attachment and Loss” e “A Secure Base”, Bowlby destacou a importância dos laços emocionais seguros como base do desenvolvimento e da saúde mental. Assim como precisamos de alimentos para nutrir nosso corpo, também necessitamos de nutrientes emocionais para manter nossa saúde psicológica. Esses nutrientes são formados por relações saudáveis, ambientes de acolhimento e a sensação de pertencimento. Passamos a vida buscando preencher lacunas deixadas por carências emocionais e, no ambiente de trabalho, quanto mais suporte emocional e acolhimento houver, mais as pessoas podem prosperar e se sentir realizadas.
Limites claros são também essenciais para a construção de um ambiente saudável. B.F. Skinner, psicólogo norte-americano e um dos principais expoentes do behaviorismo, apresentou em suas obras, como “Walden Two” e “Science and Human Behavior”, como a consistência e a previsibilidade são cruciais para manter comportamentos positivos. No contexto profissional, limites bem definidos ajudam a criar uma estrutura segura, promovendo organização e prevenindo o esgotamento. Essa estrutura não apenas assegura uma convivência mais harmoniosa, mas também estimula o desempenho e o respeito mútuo.
A teoria da autoeficácia de Albert Bandura, psicólogo canadense e um dos mais influentes pensadores da psicologia contemporânea, é outra contribuição fundamental para entender a motivação no ambiente de trabalho. Em obras como “Self-Efficacy: The Exercise of Control”, Bandura destacou que a crença na própria capacidade de executar tarefas é essencial para o desempenho e a motivação. Um local que estimula a autonomia e oferece suporte para o desenvolvimento de habilidades não só aumenta a produtividade, mas também promove a satisfação pessoal e a autoeficácia dos colaboradores. Quando os indivíduos percebem que estão em um ambiente que valoriza seu crescimento, a motivação se torna intrínseca, superando o impacto das recompensas financeiras.
A recompensa externa, como salários e benefícios, é importante, mas seu efeito motivacional é limitado e, muitas vezes, de curta duração. B.F. Skinner demonstrou que, quando a recompensa é constante e previsível, ela perde sua eficiência ao longo do tempo. Em contraste, ambientes que oferecem suporte emocional e um acolhimento verdadeiro criam uma motivação mais sólida e duradoura. Brené Brown, pesquisadora americana e professora da Universidade de Houston, é conhecida por suas pesquisas sobre vulnerabilidade, coragem e empatia. Em livros como “A Coragem de Ser Imperfeito”e “A Arte da Imperfeição”, Brown reforça que conexões autênticas e empáticas só se desenvolvem em locais onde existe segurança emocional. Segundo Brown, é a empatia e o acolhimento que mantêm os talentos engajados e dispostos a contribuir de forma significativa. A remuneração pode atrair, mas são os elementos emocionais que realmente retêm e promovem o comprometimento.
Para construir um ambiente de trabalho que transcenda a simples remuneração, é fundamental investir em nutrientes emocionais, limites claros e apoio ao desenvolvimento pessoal. A motivação mais profunda e duradoura não se encontra no dinheiro, mas nas conexões humanas, na sensação de acolhimento e no fortalecimento das relações que nutrem tanto a mente quanto o coração dos colaboradores.