É evidente que a implementação de IA na gestão de pessoas apresenta seus próprios desafios.
Por Francisco Homem de Mello, fundador da Qulture.Rocks
Não se fala em outra coisa que não seja o impacto que os desenvolvimentos recentes no campo da inteligência artificial (IA) vão ter em nossas vidas pessoais e profissionais. A discussão mais comum por aí está centrada na questão da automação — mais especificamente quais funções e empregos serão substituídos por máquinas.
Mas, para mim, a oportunidade ainda mais interessante que temos à nossa frente é potencializar o trabalho que nós humanos já fazemos no nosso dia a dia nas empresas. Mais especificamente, estou muito animado com a aplicação de IA para potencializar o trabalho dos líderes e das líderes: nossos colegas que têm como função administrar e coordenar outras pessoas nas empresas.
As aplicações de IA à liderança são inúmeras, difíceis até de se acompanhar. Hoje, já é uma realidade o uso da IA para ajudar líderes a resumir e entender melhor as avaliações de desempenho dos seus liderados, que muitas vezes são a combinação de diversos formulários preenchidos por todos à volta de cada colaborador (os famosos 360-graus).
Também já se usa IA para analisar o sentimento das respostas de colaboradores e colaboradoras a pesquisas de clima, utilidades básicas presentes em quase todas as empresas bem organizadas.
Por fim, já existe IA ajudando até líderes e seus liderados a preparar, a partir de avaliações de desempenho, bons planos de desenvolvimento para potencializar o desempenho e a assunção de novas responsabilidades. É como se cada pessoa da empresa tivesse um coach, que custa pelo menos R$ 3.000 por mês, à sua disposição.
No futuro (próximo, acredito eu), veremos IAs que nos ajudam a entender tudo sobre nossos liderados: em tempo real como estão se sentindo, que desafios estão enfrentando e até se estão ou não gastando seu tempo focados nas top prioridades da empresa.
É claro que a aplicação de IA à gestão de pessoas não é isenta de desafios. A máxima de potencializar os líderes e as líderes, mas não pretender substituí-los é fundamental. Também serão discussões acaloradas aquelas em volta da privacidade dos colaboradores e da linha até onde a empresa, por meio da IA, pode avançar sobre o que acontece com seus colaboradores. Mas desafios sempre tivemos, e hoje temos oportunidades únicas na história do trabalho. Só perde quem não as explorar com toda a responsabilidade necessária.