A inclusão de mais mulheres em todos os níveis organizacionais é uma escolha não apenas ética, mas inteligente para o sucesso a longo prazo
Távira Magalhães – CHRO (diretora de Recursos Humanos) da Sólides
A presença feminina na liderança de startups ainda é pequena, mas cresce ano a ano e evidencia seu potencial de evolução. A baixa representatividade mostra que ainda há uma grande barreira cultural no comando da inovação no Brasil a ser transposta. Esse desafio é diário, mas não pode nos esmorecer, pelo contrário: só conseguiremos nosso merecido reconhecimento trabalhando, entregando resultados e nos firmando cada vez mais em cargos de liderança.
Como sabemos, não se trata de algo relativo apenas à nova economia ou empresas de tecnologia. Os dados e informações disponíveis revelam um cenário alarmante, mas agir para reduzir essas diferenças é crucial para o futuro e crescimento de qualquer empresa.
Embora as mulheres sejam mais escolarizadas, com 21,3% concluindo o ensino superior em comparação com os 16,8% dos homens, apenas 53,3% das mulheres participam da força de trabalho, em comparação com 73,2% dos homens. Dentro do dia a dia do mercado, o problema continua. Conforme o instituto, do total de pessoas em cargos gerenciais, 60,7% eram homens e 39,3% mulheres. Além disso, a disparidade salarial persiste, com mulheres em cargos de gerência ganhando em média 21,2% a menos do que seus colegas. Os dados são de uma pesquisa divulgada há poucos dias pelo IBGE.
Como as empresas podem contribuir para diminuir essas desigualdades? A resposta está em se comprometer com a promoção da igualdade de gênero e a diversidade no ambiente de trabalho, reconhecendo que essas práticas não apenas beneficiam as mulheres, mas também impulsionam o crescimento e a inovação empresarial.
Todo tipo de incentivo à uma maior participação feminina no âmbito administrativo e, principalmente, nos cargos de liderança são bem-vindos, como programas de incentivo ou premiações específicas. Muitas organizações oferecem programas de mentoria e capacitação específicos para mulheres empreendedoras, fornecendo orientação, treinamento e acesso a recursos que podem ajudá-las a desenvolver suas habilidades e lançar suas startups. Além disso, considero essencial a rede de apoio e o networking, verdadeiras comunidades para compartilhar conhecimentos, experiências e oportunidades de colaboração.
Aumentar a representatividade feminina nas startups e empresas em geral é crucial por várias razões. Um estudo da McKinsey mostra que startups lideradas por mulheres têm mais chances de desenvolver soluções inovadoras e, consequentemente, de obter lucros acima da média. Além disso, a diversidade de gênero na liderança resulta em um processo de tomada de decisão mais eficaz e abrangente, trazendo perspectivas diferentes e fundamentadas.
É importante destacar que as mulheres também representam uma parte substancial do mercado consumidor, e entender suas necessidades e preferências é fundamental para o sucesso de qualquer empresa. Empresas que contam com mulheres em suas equipes estão mais aptas a criar produtos e serviços que atendam a esse segmento de mercado.
O mercado de tecnologia ainda enfrenta uma baixa representatividade feminina, a realidade na Sólides, contudo, vai na contramão dos índices: temos 50% de mulheres em nossos quadros de colaboradores e historicamente a liderança da Sólides é 50% feminina. Além disso, nossas mães têm espaço e são incentivadas a trazer os seus filhos para o ambiente de trabalho. Oferecemos auxílio creche e o valor do vale alimentação/refeição é mantido no período de licença e de férias.
Muitas vezes, as mães enfrentam o desafio de equilibrar suas responsabilidades profissionais com as demandas de cuidar dos filhos. Permitir que elas levem seus filhos ao trabalho pode facilitar esse equilíbrio. Temos um espaço privado para as mamães cuidarem dos seus bebês, amamentar, dentre outros cuidados, mas é muito comum encontrarmos o escritório cheio de crianças. Valorizamos o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e por isso investimos no bem-estar das mães colaboradoras.
Também investimos em projetos sociais que visam atender e capacitar mulheres no âmbito profissional. O programa Sólides Transforma – Capacita Elas, realizado em parceria com o HUb Social, oferece mentorias para capacitação e autoconhecimento. Já realizamos mentorias de Marketing, Gestão de Projetos e Vendas, recebendo, no ano passado, 30 mulheres gestoras e colaboradoras de ONGs. Em 2024, o projeto continua com duas edições. A primeira, em abril, vai focar em capacitar mulheres trans para combater a exclusão social e promover a inclusão no mercado de trabalho. Na segunda edição, em outubro, iremos capacitar gestoras de projetos sociais, promovendo o desenvolvimento e a sustentabilidade de seus projetos através de mentorias em diversas áreas.
Há muito ainda há ser feito. Não tenho dúvida de que podemos como sociedade e ecossistema de inovação avançar mais e iremos.
Ao valorizar e investir no potencial das mulheres, não apenas fortalecemos nossa cultura corporativa, mas também impulsionamos a inovação, a criatividade e o crescimento sustentável. Em um mundo empresarial cada vez mais diverso, a inclusão de mulheres em todos os níveis organizacionais é uma escolha não apenas ética, mas inteligente para o sucesso a longo prazo.