Especialista oferece insights sobre a geração Z: Empresas devem focar em feedbacks, mentorias e acolhimento.
Como transformar a carreira e impactar positivamente a jornada profissional de outros a partir de experiências traumáticas no trabalho? Foi essa a questão que motivou o consultor Renato Herrmann a descobrir sua missão: ajudar empresas a preparar a Geração Z para a liderança e oferecer a acolhida necessária.
Uma pesquisa da McKinsey revela que 25% da Geração Z se sente emocionalmente angustiada, quase o dobro em comparação com as gerações Y e X. No Brasil, são aproximadamente 51 milhões de pessoas dessa geração, que representam uma parcela significativa da força de trabalho e enxergam o emprego de maneira distinta das gerações anteriores. A Zurich projeta que até 2025, 27% da força de trabalho será composta pela Geração Z.
Essa geração, além de crescente no mercado de trabalho, possui uma visão crítica e proativa. Pesquisa da Intoo e Workplace Intelligence com 1.600 líderes de RH nos EUA indica que 30% dos profissionais cogitam pedir demissão nos próximos seis meses, sendo que entre os da Geração Z, esse percentual sobe para 44%.
Paralelamente, 47% preferem usar o ChatGPT para desenvolvimento de carreira, em vez de contar com suas lideranças.
“Empresas que realmente se dedicam à diversidade, inclusão e equidade têm mais facilidade em acolher essa nova geração. A liderança que sabe lidar com times diversos consegue ouvir, entender, mentorar e desenvolver intencionalmente. Já as que não sabem, reclamam da geração, dizendo que ‘ninguém quer trabalhar’. Quando comecei no mercado como millennial, enfrentávamos as mesmas críticas,” destaca Herrmann.
A Geração Z mantém uma relação diferente com o trabalho. Pesquisa da YouGov mostra que 51,5% dos jovens latinos dessa geração prefeririam não trabalhar todos os dias, comparado com 38,9% dos baby boomers. Além disso, apenas 49% da Geração Z considera o trabalho central para sua identidade, em contraste com 62% dos millennials. “Eles não veem o trabalho como o centro da vida, e eu acho isso muito saudável”, diz Renato.
Para estar preparada, uma empresa deve ter ferramentas eficazes de desenvolvimento de carreira e estar pronta para receber críticas detalhadas. “Essa geração fala o que pensa e deve continuar assim. Diferente das anteriores, que baixavam a cabeça e trabalhavam sem reclamar, a Geração Z exige mudanças reais. Isso pressiona as organizações a fazerem alterações significativas e não apenas para postar no LinkedIn,” afirma Herrmann.
Longevidade na mesma empresa e ascensão na pirâmide corporativa não são prioridades para essa geração. Gorick Ng, consultor de carreira de Harvard, em seu livro “The Unspoken Rules”, revela que apenas 2% da Geração Z almeja subir na hierarquia corporativa. Movimentos como “quiet quitting” e “act your wage” reforçam a necessidade de uma relação de trabalho justa. “Precisamos entender de onde vem o descontentamento dessa geração, pois aprenderam com as gerações anteriores que trabalhar intensamente sem reconhecimento não vale a pena,” complementa Renato.
Após experiências traumáticas, Renato Herrmann se reinventou para ajudar outros a evitarem os mesmos problemas, como burnout e demissões em massa. Com mais de uma década de experiência global em Gestão de Talentos, Desenvolvimento de Lideranças, Diversidade & Inclusão, e outras áreas de RH, ele acumula resultados expressivos e contribuições significativas para o desenvolvimento de pessoas.
“É necessário tornar o ambiente de trabalho mais seguro e divertido, eliminando práticas desnecessárias como politicagem e processos complexos. Questões como saúde mental e diferenças geracionais devem ser abordadas de forma madura e correta,” conclui Herrmann.