Competências comportamentais têm o mesmo peso que capacidades técnicas para esses profissionais
Os requisitos na hora de contratar um executivo vem se transformando no universo corporativo. Por muito tempo, sempre que as empresas queriam contratar um CEO ou outro executivo-chave, elas sabiam exatamente o que procurar: alguém com experiência técnica, habilidades administrativas superiores, mentalidade ágil, compreensão robusta do negócio geral e um histórico de sucesso no gerenciamento de recursos financeiros.
Hoje, no entanto, as organizações precisam contratar executivos capazes de motivar forças de trabalho diversificadas, tecnologicamente experientes e, muitas vezes, espalhadas em vários locais do país e do mundo. Além disso, esse profissional precisa estar atento aos impactos que a companhia traz para a sociedade e estar preparado para propor ações para mitigá-los, quando necessário.
“Recentemente, notamos o aumento da busca por executivos que demonstrem empatia, com capacidade de se comunicar de forma clara para variados públicos, que tenham habilidade na tomada de ações de curto prazo com pouca ou nenhuma previsibilidade, que possuam visão de ações de ESG, principalmente, no entendimento dos impactos que a organização possui nos stakeholders e que possam pensar em ações concretas para minimizar efeitos”, comenta Gustavo Costa, sócio fundador da Unique Group, consultoria de recursos humanos especializada na contratação de executivos C-Level.
Essas mudanças representam um novo desafio para o recrutamento de executivos, porque as capacidades exigidas dos principais líderes incluem habilidades novas e muitas vezes “mais suaves” que raramente são explicitamente reconhecidas ou promovidas no mundo corporativo. Na Unique Group, por exemplo, a cada cinco posições para executivos C-Level que chegam, três já dão ênfase na necessidade de o profissional possuir as competências destacadas acima.
Com quase 20 anos de experiência no recrutamento de executivos C-Level, Costa afirma que, nos últimos anos, as empresas redefiniram significativamente os papéis dos executivos. As capacidades tradicionais mencionadas anteriormente — notadamente a gestão de recursos financeiros e operacionais — permanecem relevantes. Hoje, quando as empresas procuram os principais líderes, especialmente novos CEOs, elas atribuem menos importância a essas capacidades do que costumavam e, em vez disso, valorizam mais as chamadas competências comportamentais.
“Tais competências sempre foram listadas como desejáveis para esse tipo de posição. Mas as prioridades e o peso das exigências mudaram muito. Há 10 anos, por exemplo, determinada formação ou habilidade técnica era mais valorizada do que muitas dessas competências comportamentais. Hoje em dia, no entanto, elas se tornaram imprescindíveis.”
De acordo com o especialista da Unique Group, outra característica buscada atualmente, independentemente da área de especialidade do executivo, é seu interesse legítimo pelo entendimento do negócio e sinergia com demais áreas para melhorias do resultado. “Seria algo como o ‘inconformismo construtivo’ que antecipa ações de melhoria e inovações.”