Há dias tive a oportunidade de participar de um fantástico evento organizado pela BTR – Varese intitulado de Pós-NRF, a convite do querido e renomado especialista em varejo Eduardo Terra.
Para quem não conhece a NRF, ela é o maior evento de varejo do mundo e reúne milhares de executivos tomadores de decisão em Nova Iorque. São vários dias de conteúdo, networking e principalmente de atualização das maiores tendências em tecnologias e soluções focadas nos novos e diferentes comportamentos dos consumidores.
Fico antenado neste evento em função das tendências / insights que o varejo traz. A meu ver as mudanças nos hábitos dos consumidores são percebidas inicialmente por este segmento, e posteriormente impactam nos demais segmentos. Em outra perspectiva os novos comportamentos dos consumidores, que são pessoas, afetam diretamente a área de atuação de Recursos Humanos (People) … por isso ficar conectado com as estratégiasde varejo é estar conectados com novas estratégias de RH.
O desafio ou oportunidade que vejo nas NFRs (e por isso acompanho ela sempre de perto), ou eventos / pesquisa de varejo em geral, é que podemos, como escrevi acima, ter acesso a muitas informações e com isso “traduzir” as tendências lá apresentadas em ações efetivas e importantes dentro da área de RH e dos seus diferentes subsistemas. Com isso, antecipo movimentos junto aos times de RH com quem trabalho (o “OUT” do mercado impacta o “IN” das organizações).
Como nos últimos anos, o tema GENTE esteve no centro da maioria das discussões da NFR 2020, e vieram acompanhados de outros relevantes assuntos conectados a ele como:
- Cultura
- Diversidade
- Propósito
Abaixo utilizarei alguns dos principais insights do evento realizado em janeiro deste ano nos EUA, e compartilhado no Pós-NRF, e me arriscarei em fazer a possíveis correlações entre este conteúdo e novas tendências na área de RH, principalmente em função do momento que estamos vivendo com a pandemia do coronavírus que fez as empresas se transformarem, se adaptarem e certamente preparar um retorno à normalidade carregado de novidades.
- RH “Disruptivamente” Digitalizado – Os consumidores como citei anteriormente, são as mesmas pessoas que atuam dentro dos ambientes organizacionais, e no dia a dia cada vez mais a tecnologia faz parte da sua vida como grande aliada e facilitadora. Neste contexto os processos de RH devem obrigatoriamente ser digitalizados e equilibrar estas experiências dentro e fora da empresa (ainda mais nos trabalhos de home office). Não podemos nos esquecer de contar com o apoio de inúmeras HRtechs que existem e ajudam a elevar a qualidade das experiências (e da performance) dos funcionários nos processos de RH e ainda por cima reduzem despesas. Além disso, existe a necessidade e a oportunidade da maior atuação baseada em dados, pois com mais tecnologia atuando em processos de RH, teremos um maior data mining, melhoria dos cruzamentos de informações / análises de cenários e com isso testar hipóteses que vão apoiar os processos decisórios.
- Personalização das ações, processos e políticas – Por muito tempo, os processos e políticas de RH foram feitos PARA pessoas e não COM pessoas. Diante disso, acredito que eles carecem de maior nível de personalização e alinhamento com os modelos de negócios, os resultados esperados e a expectativas dos funcionários (para isso devemos nos lambuzar da utilização de práticas e conceitos de Employee Experience). E essa personalização tem tudo a ver com a adoção de novas tecnologias e os dados gerados por elas dos funcionários. Precisamos conhecer as pessoas que trabalham em nossas empresas com maior profundidade, para tomar melhores decisões (e isso não faz com que abandonemos as conversas olho no olho, pelo contrário).
- O novo papel da área de Recursos Humanos / Pessoas / Gente (Como serão as novas regras desta nova loja?) – Num mundo onde a mudança virou rotina, onde diferentes gerações trabalham juntas, onde se confunde global com local … qual o novo papel das áreas de RH? Vejo atuando como uma espécie de Designer Organizacional alavancando importantes pilares como: Cultura, Liderança e Modelo de Negócio (E com esta nova configuração como fica seus subsistemas tradicionais: Recrutamento & Seleção, Talent Manager, Remuneração, Comunicação, Educação… terão que serem “pivotados”?). O que estamos aprendendo neste ciclo de pandemia, e isolamento social que mudará nosso futuro.
- Sustentador do Novo ou Atual Modelo de Negócios – As mudanças obrigam as empresas a se ressignifiquem, a recriarem o seu core business com uma velocidade nunca vista. Isso faz com que os modelos de negócios tradicionais e duradouros, deem espaço para novos, mais atualizados e que antecipam demandas dos seus consumidores. Essas mudanças de modelos de negócios contam e contarão cada dia mais com o envolvimento e suporte da área de RH, pois estes movimentos dependem das pessoas para alcançarem sucesso, principalmente neste momento em que estamos vivendo.
- Conectador de Tecnologias Exponenciais – Uma das grandes alavancas de mudanças nas organizações, sem sobra de dúvidas está na adoção de novas tecnologias dentro dos seus processos internos e externos, principalmente quando atuasse no modelo de Plataforma. E o RH passa ao ver olhar atento a ser um dos grandes (se não o principal) conectores entre: Pessoas, Cultura e Clientes/Consumidores).
- Liderando os Desafios das Lideranças – Antes dos aviões decolarem, recebemos as orientações de segurança do voo, sendo que uma delas é a de colocarmos a máscara de oxigênio primeiro em nós e depois ajudar os outros. Neste sentido, acredito que o RH deveria assumir um maior protagonismo na liderança, se reinventando primeiro, e na sequência liderando os desafios da liderança, puxando reflexões, criando ações, programas e novos processos.
Espero que as provocações tenham feito sentido para vocês e desejo que elas abram um mar de possibilidades dentro das suas organizações.
Colunista Gustavo Mançanares Leme – Executivo de RH, Conselheiro e Mentor de Startups, com experiências em processos de transformações culturais e turn around de modelo de negócios. Estrategista e especialista em práticas de excelência em desenvolvimento e performance organizacional.