Nos últimos anos, o debate sobre a importância da diversidade no mercado de trabalho se intensificou, o que é ótimo. Afinal, empresas diversas, que contemplam colaboradores com trajetórias e bagagens culturais diferentes tendem a desenvolver uma visão multidisciplinar que facilita a resolução de conflitos. Mas se a diversidade no ambiente corporativo é tão importante, por que tantas empresas ainda insistem em fórmulas antigas, engessadas e tão genéricas nos cursos e treinamentos oferecidos para públicos singulares?
Já pensou como seria ruim ouvir por duas horas seguidas a playlist de um ritmo que você não se identifica? Que não tem nada a ver com você? É basicamente o que muitas empresas fazem quando desperdiçam tempo e dinheiro oferecendo conteúdos extensos, maçantes e sem propósito para colaboradores com funções, interesses e habilidades opostas. Com raras exceções, como em cursos de compliance, segurança da informação, primeiros socorros, simulações de incêndio e afins, não há razão lógica que explique essa prática.
Embora seja um dos primeiros gastos a ser cortado em tempos de crise, investir em qualificação e treinamento profissional é até 3 vezes mais barato do que realizar novas contratações, de acordo com pesquisas feitas pela Society for Human Management (SHRM) e pela Association for Talent Development. Além do prejuízo financeiro, as vagas abertas demoram em média 42 dias para serem preenchidas, de acordo com o SHRM.
Identificar e desenvolver as melhores habilidades de uma equipe não é fácil, mas o trabalho compensa. Prova disso é que muitas empresas efetivam seus melhores estagiários, ou seja, aqueles que aproveitaram a oportunidade para aprender com a empresa e com os funcionários mais experientes.
Oferecer o conteúdo certo, no momento certo é um bom caminho para engajar e manter a equipe comprometida com a organização. Afinal, é preciso oferecer mais do que um salário e um pacote razoável de benefícios. As pessoas querem se identificar com a cultura organizacional, querem se sentir representadas, importantes e respeitadas como indivíduos. Em outras palavras, querem que as palavras bonitas usadas para definir a missão, visão e valores tenham aplicação na prática.
Em vez de forçar o interesse por um assunto pré-determinado, experimente dar autonomia para que as pessoas escolham o que querem aprender. Subsídios educacionais costumam funcionar bem. Não há como cobrar que os funcionários tenham mindset de dono, se não têm autonomia para nada. Por isso, vale revisar os processos periodicamente e realizar uma autocrítica a fim de identificar as necessidades de cada um e oferecer conteúdos personalizados sempre que possível.
João Bizzarri, cofundador da SkillHub, plataforma de cursos e treinamentos corporativos voltado para o público B2B