Querer um país melhor também é saudável, desde que não se paralise nossas próprias vidas
“O país está em crise!”; “Os governantes são corruptos!”; “O povo é mal-educado!”; “Nada funciona neste país!”.
“Eu nasci numa família sem recursos!”; “Não tive a oportunidade de estudar!”; “Não consegui terminar a faculdade!”.
“Não me encaixo fisicamente nos padrões estéticos da sociedade!”; “Sou tímido e tenho dificuldade para conseguir emprego.”; “Escolhi uma profissão que não dá dinheiro!”.
Quantas vezes estas frases já saíram de nossas bocas ou das pessoas que conhecemos?
Mas, existe uma justificativa para esses pensamentos: a nossa cultura! Essa cultura que prega que, para sermos felizes e realizados, tudo a nossa volta tem que estar perfeito! Não pode haver tristeza, nem sacrifícios, nem doenças, nem pessoas más e nem violência.
Nossos corpos têm que estar de acordo com o esperado, assim como nossa personalidade. As escolas, por exemplo, são padronizadas de tal forma que, ser inteligente, é sinônimo de tirar notas altas e se destacar como aluno. E assim vamos criando pessoas insatisfeitas, infelizes, que buscam uma perfeição inalcançável que as tornam autos sabotadoras e autodestrutivas.
Dizer que estão usando esses fatos como desculpa seria, no mínimo, um pensamento leviano, pois para a maioria das pessoas estes argumentos são reais.
Uma pessoa de personalidade mais acentuada, mais confiante, que não se importa de ir contra a correnteza, consegue se desvencilhar e vencer na vida, seja financeiramente ou emocionalmente. Porém, uma pessoa de característica mais vulnerável, que não tem forças para pensar diferente, é a pessoa mais propensa a se auto sabotar, dizendo que as oportunidades não surgem por causa de seus problemas pessoais.
Já está mais que comprovado que culpar o país, a sociedade ou a empresa em que trabalhamos não é o melhor caminho, pois temos vários exemplos de pessoas que nasceram em lares desfavoráveis e, mesmo assim, conseguiram vencer.
O âmbito profissional é o mais discutido na nossa sociedade, afinal, ser bem-sucedido na profissão é, praticamente, todo o desfecho e realização de uma vida.
Não podemos discutir que, sem recursos financeiros, não podemos viver adequadamente. Seria até utópico pensar assim. Por isso, alcançar o cargo máximo em uma empresa é bastante saudável, desde que não seja o único objetivo da vida. Querer um país melhor também é saudável, desde que não se paralise nossas próprias vidas esperando-o melhorar. Ir em busca de um corpo melhor, com mais saúde, é saudável, desde que você não viva somente em função dele.
Em todos os países, sociedades e culturas há problemas e soluções e é indiscutível que, nascer com recursos financeiros e culturais, é um bônus bastante atraente. Porém, de nada adianta se não vier em conjunto com força de vontade, resiliência, bom senso e equilíbrio emocional.
Não são poucos os que tiveram tudo para se destacar na vida como dinheiro, beleza e que perderam tudo, não souberam aproveitar ou não tiveram estrutura psicológica para manter. Costumo dizer que, a maior riqueza que podemos ter não é a inteligência padronizada, nem o montante de conhecimento cultural, nem a sorte de ter nascido em berço de ouro, nem ter a beleza que a sociedade estipulou. A maior riqueza é a força de vontade, a esperteza e o bom senso pois, com eles, a chance de conseguir a tão sonhada estabilidade financeira, adquirir mais cultura, ter equilíbrio emocional e mais saúde, fica bem mais próximo e acessível.
Pense nisso!
Por Carla Verna, Psicóloga e palestrante especialista em qualidade de vida, gestão de equipes, inteligência emocional e motivação.