Investir na saúde dos trabalhadores vai além de benefícios corporativos e passa a ser uma estratégia para a sustentabilidade das empresas.
por Beth Rachelle, diretora de Gente e Gestão da Almeida Junior
Investir no bem-estar dos colaboradores vai além de oferecer benefícios adicionais; tornou-se uma estratégia central para a sustentabilidade e o sucesso das empresas no mercado atual. As organizações que priorizam a saúde física e mental de suas equipes conseguem impulsionar a produtividade e melhorar a retenção de talentos e fortalecer sua reputação como empregadores.
Essa atenção ao bem-estar reflete um entendimento mais profundo de que o capital humano é o maior ativo de uma empresa, e que uma equipe motivada e saudável pode fazer toda a diferença no desempenho e nos resultados a longo prazo.
Pesquisas de mercado indicam que empresas que adotam programas de bem-estar reduzem os custos com saúde e aumentam a eficiência da equipe. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), problemas como depressão e ansiedade geram uma perda global de produtividade estimada em 12 bilhões de dias de trabalho por ano, o que representa um custo de quase um trilhão de dólares para a economia global.
No Brasil, dados do Ministério da Previdência Social revelam que, em 2023, mais de 2,5 milhões de trabalhadores foram afastados por motivos de saúde. Isso destaca a relevância de iniciativas que promovam a saúde no ambiente corporativo, capazes de mitigar esses impactos negativos e promover uma força de trabalho mais presente e engajada.
O estudo “ROI do Bem-Estar 2024”, realizado pela plataforma Wellhub, revela que 99% das empresas brasileiras que acompanham o retorno sobre investimento (ROI) de suas ações de bem-estar observam resultados positivos. Em média, essas empresas relataram um retorno de pelo menos 2 dólares para cada dólar investido, além de uma diminuição de até 25% nas faltas por motivos de saúde. Esses números sugerem que os benefícios de investir em bem-estar incluem melhor continuidade operacional e menos interrupções no fluxo de trabalho.
Promover a saúde integral dos colaboradores também contribui para a criação de um ambiente de trabalho mais harmonioso e estimula o fortalecimento de uma cultura organizacional resiliente e positiva. Para muitas empresas, os programas de bem-estar vão além do tradicional, abrangendo ações como apoio psicológico, programas de atividade física e até a cobertura de planos de saúde para pets. Essas práticas demonstram um compromisso genuíno com a saúde e a qualidade de vida dos funcionários e geram um ambiente inclusivo, acolhedor e motivador.
No cenário competitivo atual, oferecer uma política de benefícios abrangente é um diferencial importante para atrair e reter talentos. Dados de um estudo da Aon Brasil indicam que 60% dos profissionais valorizam empresas que priorizam o bem-estar, e 83% afirmam que esses programas são essenciais para decidir permanecer na organização.
Além disso, muitos profissionais estão dispostos a abrir mão de outros benefícios, como aumento salarial, em prol de condições de trabalho mais saudáveis e equilibradas. Esse investimento estratégico fortalece a imagem corporativa da empresa e contribui para a formação de uma base de colaboradores mais leal e engajada. A promoção de uma cultura de bem-estar também reforça o compromisso das empresas com a responsabilidade social corporativa.
Ao cuidar da saúde e do equilíbrio emocional de seus colaboradores, as organizações demonstram que estão comprometidas com o lucro e principalmente com o bem-estar de seus funcionários e da comunidade. Empresas que investem nesse tipo de programa geralmente ganham destaque no mercado e constroem uma reputação positiva, o que as ajuda a se diferenciar da concorrência. Essa percepção positiva fortalece ainda mais a imagem da empresa como um lugar atraente para se trabalhar, com uma preocupação autêntica pelo desenvolvimento integral de seus colaboradores.
Para empresas que desejam garantir um crescimento sustentável, adotar uma visão holística sobre o bem-estar é essencial. Isso significa ir além do ambiente de trabalho e criar políticas e práticas que incentivem o cuidado com a saúde mental, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e até mesmo o desenvolvimento de laços emocionais saudáveis, como a inclusão de benefícios voltados para o bem-estar familiar e social. Em um ambiente de trabalho mais equilibrado e humanizado, os colaboradores têm a oportunidade de se desenvolver como pessoas, o que contribui para uma maior satisfação no trabalho e para o alcance de um desempenho organizacional superior.
Outro ponto essencial para o sucesso dos programas de bem-estar corporativo é a personalização das iniciativas, adaptando-as às necessidades e preferências dos colaboradores. Empresas que criam programas flexíveis e inclusivos conseguem atender melhor às expectativas de diferentes perfis de funcionários, promovendo uma cultura organizacional mais diversificada e acolhedora. A personalização pode incluir desde benefícios específicos para diferentes faixas etárias e perfis familiares, até a oferta de opções variadas de atividades físicas, suporte psicológico e programas de desenvolvimento profissional. Quando as ações são moldadas de acordo com as demandas reais dos colaboradores, a adesão e o engajamento tendem a ser muito mais significativos
Além disso, a comunicação eficaz sobre esses programas é fundamental para que o investimento em bem-estar seja percebido e valorizado pelos colaboradores. Informar constantemente sobre as opções disponíveis, as melhorias nos programas e os impactos positivos para os próprios funcionários é uma maneira de reforçar o comprometimento da empresa com a saúde e a qualidade de vida no ambiente corporativo. Empresas que compartilham histórias de sucesso, depoimentos de funcionários e até mesmo resultados concretos desses programas conseguem engajar ainda mais as equipes. A transparência e a abertura no diálogo sobre bem-estar corporativo também contribuem para que os colaboradores sintam-se ouvidos e valorizados, fortalecendo o vínculo com a organização.
É importante destacar que o investimento em bem-estar corporativo também pode ser visto como uma resposta às mudanças sociais e às novas expectativas dos profissionais. As gerações mais jovens, em particular, valorizam a qualidade de vida e o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal de maneira inédita, e essa tendência tem impactado as escolhas de carreira. Empresas que não investem em bem-estar correm o risco de perder competitividade na atração de novos talentos, além de enfrentar maiores dificuldades na retenção de colaboradores. Assim, uma política de bem-estar bem estruturada e alinhada às demandas contemporâneas é uma vantagem competitiva, além de estratégia de adaptação ao futuro do trabalho, assegurando que a organização se mantenha relevante e atraente para as próximas gerações de profissionais.