Por Gustavo Raposo, cofundador e CEO da fintech Leve
Um dos aspectos que mais contribuem para o não crescimento profissional de uma pessoa, dificultando seu desenvolvimento e produtividade, é sem dúvidas a sua situação financeira. De acordo com os dados do The 2nd Annual Salary Finance Report, profissionais com pendências financeiras têm até dez vezes mais chances de não terminarem suas tarefas. Isso pode fazer a empresa perder até 15% do custo da folha de pagamento.
Garantir que no campo pessoal os colaboradores também se sintam realizados é importante para que todos trabalhem bem e em conjunto, de modo que possam crescer. Um outro levantamento mostra que muitas das vezes temas relacionados às finanças pessoais são o principal motivo de estresse. O estudo realizado pela PWC, em junho de 2020, relata que 54% dos entrevistados concordam com o fato de que as preocupações com problemas financeiros causam cansaço e desânimo. O número é bem maior que a atenção dirigida ao trabalho em si (18%), por exemplo.
O quadro fica ainda mais complicado quando começamos a analisar o atual momento que vivemos. Devido a pandemia de covid-19, muitas empresas tiveram que adotar o home office. Com essa “nova” situação que foi imposta, ficou mais “difícil” de entender todas as angústias e dores dessas pessoas que diariamente estão próximas a nós, ainda que de forma virtual. Entretanto, foi preciso que nós, como gestores, encontrássemos novas formas de mapear o trabalho desenvolvido pelos colaboradores, incluindo horas extras, produtividade e animação em fazer parte da equipe a fim de garantir a saúde física e mental de todos.
Agora você pode estar se perguntando, mas qual a relação entre produtividade e bem-estar financeiro? O não cuidado com o dinheiro, dificuldades para pagar contas e o acúmulo de dívidas, são fatores que causam a queda de energia para trabalhar. Além disso, esses problemas podem gerar crises de ansiedade, noites mal dormidas, problemas de saúdes e até mesmo dificuldades para se criar bons relacionamentos, o que pode atrapalhar o trabalho em equipe. Por fim, com a situação financeira complicada, o colaborador pode se sujeitar a turnos extras ou trabalhos como freelancer durante seu tempo livre, limitando ainda mais as horas de descanso.
Para que um colaborador não passe por situações como essa e, principalmente, para não apresentar queda na produtividade é necessário que o gestor tenha um olhar mais criterioso em relação ao bem-estar como um todo. É preciso entender as necessidades do time para que, de alguma forma, seja possível solucionar os problemas.
E vale lembrar, que não é só o salário que muda a vida de um colaborador, os benefícios corporativos funcionam como uma espécie de combustível e premiação. Quando os profissionais passam a ganhar outros incentivos, gera-se também um aumento de produtividade, é quando eles aprendem a construir uma realidade com base no que se tem, ou seja, ocorre um aumento da segurança financeira e junto com ela, novos planos, novos sonhos e uma vontade enorme de viver e fazer acontecer.
É nesse momento que a empresa e seus colaboradores saem ganhando, pois essa sensação – também chamada de bem-estar financeiro – faz com que a pessoa se comprometa ainda mais com o trabalho, trazendo bons resultados, além de um ambiente feliz.
Quando falamos de benefícios, logo vem à cabeça aqueles que são impostos por leis, como Vale-Transporte e Vale-Alimentação/Refeição, mas aqui me refiro as demais opções, como auxílio-creche para quem tem filhos, parcerias com academias, escolas de idiomas, terapia, vale-cultura, especialistas em educação financeira que auxiliam na reorganização das dívidas, entre outros. São cuidados que vão além do universo corporativo e contribuem para a saúde física e mental, que costumam fazer toda a diferença.
Costumo dizer que o senso de pertencimento a uma empresa é um ponto superimportante no desenvolvimento dos profissionais que atuam nela. As pessoas passam a maior parte do dia no ambiente de trabalho. O modo como elas exercem suas funções é reflexo de seus estados físico e mental. Portanto, bem-estar-financeiro e produtividade devem andar de mãos dadas. Uma complementa a outra. E há mais maneiras de nós, como gestores, ajudarmos, seja desenhando uma estratégia de educação para as finanças ou até mesmo oferecendo novos e atrativos benefícios financeiros. Porém, este segundo ponto deixarei para falar no nosso próximo artigo. Até lá!