O confinamento prolongado pode acarretar diversos problemas como ansiedade, estresse e até depressão.
O Big Brother Brasil chegou ao fim e desde sua primeira edição se tornou, além de um fenômeno de audiência, também um campo de estudo para psicólogos, que observam os efeitos do confinamento sobre a saúde mental dos participantes.
A privação de liberdade, associada à constante vigilância e à exposição pública, gera um ambiente propício para o surgimento de distúrbios emocionais e psicológicos, muitas vezes afetando o comportamento desses participantes.
A interação social limitada e o controle constante sobre suas ações, através das câmeras e da pressão da audiência, podem gerar uma série de respostas psicológicas adversas, como ansiedade, estresse e até depressão.
A ansiedade surge como uma reação natural ao estresse causado pela constante vigilância. Saber que suas atitudes estão sendo observadas por milhões de pessoas e que cada comportamento será julgado publicamente pode gerar insegurança e medo de não corresponder às expectativas da audiência ou dos próprios colegas de confinamento. Esse fator, aliado à falta de privacidade e à exposição a um ambiente emocionalmente tenso, pode desencadear crises de ansiedade.
Outro fator psicológico importante é o estresse provocado pela rotina e pelo ambiente competitivo. A convivência forçada com estranhos, a escassez às vezes até de alimento e as disputas por uma premiação milionária aumentam a pressão sobre os participantes, levando muitos a experimentar altos níveis de tensão emocional.
O estresse constante pode, inclusive, levar a episódios de depressão, com sentimentos de desesperança, vingança, cansaço extremo e uma visão negativa do mundo.
Além disso, a solidão é uma das experiências mais intensas dentro do programa, mesmo quando os participantes estão rodeados por outras pessoas. Não saber o que acontece no mundo lá fora, a falta de contato com a família, com amigos e a ausência de qualquer tipo de apoio emocional externo são fatores que podem contribuir para sentimentos de solidão profunda e desamparo.
Isso muitas vezes leva o participante a viver uma versão de si mesmo que nem sempre condiz com sua personalidade real se tornando, por vezes, melancólico, emotivo e em alguns casos até violento.
“A teoria do confinamento social explica como a privação de liberdade e a falta de interação social genuína podem impactar o bem-estar emocional e psicológico, levando a atitudes que até mesmo o próprio participante desconhece”, afirma a neuropsicóloga Carol Mattos.
Essa teoria também nos ajuda a entender como o confinamento cria uma “bolha social” artificial, onde os participantes ficam dependentes das relações interpessoais que se formam dentro da casa, mas essas relações são frequentemente superficiais e marcadas por disputas e manipulações.
A ausência de autenticidade nas interações, combinada com a vigilância constante, pode gerar um sentimento de alienação e de desconexão com a própria identidade, além de intensificar o isolamento emocional.
“O programa serve como um espelho de como o ser humano reage sob extrema pressão e privação de convívio com os seus, e nos lembra da importância de cuidar da saúde mental em ambientes que exigem resiliência emocional constante”, finaliza a especialista.