A importância do bom humor no ambiente corporativo e sua relação com a produtividade e saúde mental dos colaboradores
Por Glaucimar Peticov – Diretora Executiva do Banco Bradesco
Em meio a tantos desafios vivenciados em uma rotina pautada fortemente pela produtividade, foco, performance, processos e compromissos, uma referência que não costumamos usar com tanta frequência no mundo corporativo e que, na minha visão, é essencial para manter essa máquina girando é o “bom humor”.
De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Robert Half – que desenvolve soluções estratégicas em transição de carreiras e recolocação – os gestores entendem a importância dos colaboradores se manterem bem-humorados. No levantamento The Secrets of the happiest companies and employees, 84% dos líderes entrevistados acreditam que pessoas com bom humor no trabalho são mais eficientes e 91% afirmam que “ser mais feliz” é essencial para avanços na carreira.
Entretanto, vivemos uma dicotomia. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde – OMS divulgou um mapeamento que posiciona o Brasil com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo, que atinge 9,3% da população. Então, para falarmos de eficiência e produtividade, também precisamos falar da forma que as empresas contribuem para que seus colaboradores estejam num ambiente saudável, capaz de proporcionar impacto positivo, momentos de felicidade e bom humor.
A liderança exerce papel fundamental neste processo de construção de um ambiente saudável, pois é responsável por incentivar a adoção de estratégias para o fortalecimento da cultura organizacional. Tendo esse ponto de partida, a empresa deve incentivar a diversidade, equidade e inclusão, a comunicação interna de portas abertas, onde os colaboradores se sintam à vontade para expor sugestões, e estabelecer boas relações profissionais, seja por meio de rodas de conversa, grupos de afinidade e até mesmo os famosos happy hours, além do reconhecimento ao trabalho e incentivo ao cuidado com a saúde mental e emocional.
Acredito que este conjunto de fatores é essencial para encorajar a espontaneidade, para inspirar, ampliar a criatividade, aumentar a autoestima, auxiliar no aprendizado e, consequentemente, na tomada de decisões assertivas que impactam positivamente na produtividade, pois não se trata de optar por decisões corretas e sim saber lidar com a decisões que tomamos.
Sem dúvida, podemos agir com essa mesma naturalidade nas situações mais desafiadoras. É justamente nessas ocasiões que o bom humor faz a diferença, tanto no ambiente de trabalho como fora dele. Naturalmente, existem momentos em que a descontração não cabe; é tudo uma questão de empatia. O humor não deve, por exemplo, em nenhum contexto, constranger alguém ou ter cunho agressivo ou preconceituoso. Tampouco deve ignorar a realidade e as dores do outro.
Da mesma forma, aprender a rir de si mesmo é um excelente de autoconhecimento e contemplação própria. Com essa prática, podemos, inclusive, ajustar nossos comportamentos, ações e atitudes, enxergar a situação por lados diferentes, promover uma revisão de todo o processo criativo e, mais importante de tudo, reafirmar que não somos perfeitos – e que está tudo bem com isso. Em tempos desafiadores, realmente é mais difícil manter o bom humor. Paradoxalmente, é justamente nestes momentos que ele se faz ainda mais necessário. Precisamos ser mais leves para garantir o nosso bem e para manter saudável a relação daqueles que convivem diariamente conosco.