A tecnologia digital também desempenha importante papel nessa mudança, pois facilitou e barateou a promoção de cursos de qualificação para um grande número de colaboradores via ensino à distância
Eduardo Santos, Diretor-Geral da EF Education First
O profissional brasileiro está dominando melhor a língua inglesa. Essa é a conclusão do último Índice de Proficiência em Inglês (ou EPI, na sigla original), ranking internacional elaborado pela EF Education First, empresa presente em mais de cem países, especializada em intercâmbio cultural e ensino de idiomas.
A boa notícia é fruto de uma mudança em nosso mercado de trabalho, que vem gradativamente compreendendo a importância do investimento na capacitação dos profissionais como rota segura para o crescimento sustentável.
Os números apontam para isso. O EPI é realizado há mais de uma década em 111 países que não têm o inglês como língua materna. De acordo com o resultado desde ano, o Brasil atingiu pela primeira vez um nível moderado de proficiência no idioma.
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Em 2021, ocupávamos a 60ª posição do ranking, o que nos colocava na categoria de baixa proficiência. Agora em 2022, subimos para a 58ª posição. O país atingiu média de 505 pontos no teste, o qual segue parâmetros do Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas (CEFR, na sigla em inglês), adotados internacionalmente. A pontuação máxima é 800.
Pode não parecer uma mudança tão dramática, mas isso significa que o profissional brasileiro, de maneira geral, é capaz compreender textos e notícias em inglês, redigir mensagens e participar de encontros ou reuniões de trabalho.
A análise qualitativa dos dados revela ainda que o gap histórico de defasagem entre profissionais na faixa dos 30 e 40 anos está diminuindo. O que explica essa melhoria?
O investimento das empresas em qualificação de seus funcionários é certamente uma das razões principais. Cada vez mais companhias têm buscado inovar no campo da aprendizagem de idiomas, promovendo ou custeando cursos para profissionais dessa faixa etária e também para os mais jovens, que ocupam cargos de entrada.
Isso responde a uma busca crescente do mercado por lideranças capazes de tomar decisões em âmbito internacional, o que, obviamente, demanda fluência em inglês e a capacidade de compreender e interagir com outras culturas.
A tecnologia digital também desempenha importante papel nessa mudança, pois facilitou e barateou a promoção de cursos de qualificação para um grande número de colaboradores via ensino à distância.
Há que se considerar ainda o peso da chamada agenda ESG (“ambiental, social e governança corporativa”, em tradução livre), que atribui às empresas o papel de promotoras de mudanças sociais positivas. Nesse sentido, é compreensível o engajamento crescente das companhias com o desenvolvimento técnico e pessoal de seus colaboradores.
Tudo indica que o Brasil irá continuar subindo de posição no ranking EPI. O país tem enorme potencial de crescimento no mercado internacional, o que torna imprescindível uma mão-de-obra qualificada e capaz de se comunicar globalmente.
Isso, aliás, se reflete nos resultados do ranking específico de treinamento e jornadas de desenvolvimento. Observa-se que um dos temas mais buscados pelas empresas brasileiras é a “habilidade de comunicação”, seja para solução de conflitos, seja para colher informações com rapidez de um número maior de fontes.
A mensagem é clara: em um ambiente econômico cada vez mais dinâmico e incerto, o mercado busca profissionais confiantes e capazes de tomar decisões, mesmo que essas exijam um bom grau de domínio da língua inglesa.
O cenário é animador, mas o setor privado brasileiro precisa continuar investindo em novas experiências de aprendizagem em idiomas se quiser manter uma trajetória ascendente. Para isso, as companhias devem entender que o ensino do inglês é estratégico para seu próprio crescimento, envolvendo nesse esforço os stakeholders. Isso garante um acompanhamento mais cuidadoso de cada jornada profissional, além do suporte necessário para os colaboradores.
Também é fundamental aproveitar a tecnologia como ferramenta de personalização do ensino, o que, por sua vez, culmina em um engajamento maior. O conteúdo deve estar disponível de modo que cada colaborador tenha autonomia para construir sua própria trilha de aprendizagem, de acordo com seu ritmo, aptidão e disponibilidade. Em suma, é preciso customizar ao máximo a experiência de aprender um idioma, além de conectá-la com as necessidades reais, cotidianas, dos profissionais de cada empresa.
O domínio de um segundo idioma é um alicerce do crescimento econômico. O Brasil dá um passo na direção certa quando investe na manutenção de uma verdadeira cultura de aprendizagem em seus ambientes corporativos.