Urgência na reforma da segurança laboral: como o Brasil pode reverter as estatísticas alarmantes de acidentes de trabalho
O Brasil figura como um dos países com o maior índice de mortalidade decorrente de acidentes de trabalho, ocupando a quarta posição no ranking mundial, atrás apenas de China, Índia e Indonésia. De acordo com a mais recente pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), foram registrados mais de 612 mil acidentes de trabalho no Brasil em 2022, resultando em 2.538 mortes. Essa marca representa um alarmante aumento de 22% em relação ao ano anterior, com um acidente ocorrendo a cada 51 segundos e uma vida perdida a cada três horas no país.
A nível global, quase três milhões de pessoas perdem a vida anualmente devido a acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, um crescimento superior a 5% desde 2015. Além das fatalidades, 395 milhões de trabalhadores sofreram lesões não fatais, impactando diretamente sua saúde e produtividade.
A Ásia e o Pacífico destacam-se como as regiões com os maiores índices de mortalidade laboral, concentrando 63% dos óbitos mundiais, uma consequência direta do vasto contingente de trabalhadores nesses locais. Os homens são as principais vítimas, com uma taxa de mortalidade de 51,4 por 100.000 adultos em idade ativa, enquanto para as mulheres, esse número é de 17,2.
A crise de segurança no trabalho no Brasil
O Dr. Ricardo Pacheco, médico e presidente da Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho (ABRESST) e da Oncare Saúde, aponta a diminuição de auditores-fiscais do trabalho (AFTs) como um dos principais fatores para o aumento dos acidentes laborais no Brasil. “A deficiência na inspeção do trabalho, aliada à falta de investimento em segurança e uma cultura de prevenção inexistente nas empresas brasileiras, está custando vidas”, alerta o especialista.
Doenças ocupacionais subnotificadas
A campanha “Abril Verde” do Ministério Público do Trabalho deste ano destaca a questão do adoecimento como forma de acidente de trabalho, sublinhando a necessidade urgente de reconhecimento e prevenção. A informalidade no emprego agrava a situação, escondendo os números reais de acidentes e doenças ocupacionais no país.
O papel vital das empresas de SST
Empresas especializadas em Saúde e Segurança no Trabalho (SST) são fundamentais para reverter este cenário. Elas atuam na prevenção de acidentes, promoção da saúde ocupacional, garantia de cumprimento das normas legais, redução do absenteísmo, melhoria da produtividade, proteção da reputação corporativa e diminuição de custos operacionais. “Investir em saúde e segurança é crucial não apenas para salvar vidas, mas também para assegurar a sustentabilidade e o sucesso empresarial a longo prazo”, conclui o Dr. Pacheco.
Este panorama trágico ressalta a necessidade crítica de uma mudança de paradigma nas práticas de segurança laboral no Brasil. As empresas devem reconhecer a saúde e a segurança no trabalho não como despesas, mas como investimentos essenciais para o bem-estar dos seus colaboradores e para a saúde financeira e reputacional da organização.