Pesquisa revela insatisfação no ambiente corporativo e destaca a importância de políticas de bem-estar para retenção de talentos.
Uma pesquisa inédita conduzida pela Reconnect Happiness at Work & Human Sustainability, em parceria com a Pin People e a Coalizão de Sustentabilidade Humana e Bem-Estar, revelou um cenário preocupante no ambiente corporativo brasileiro: 66% dos trabalhadores aceitariam trocar de emprego por uma empresa que priorizasse a saúde mental e o bem-estar, mesmo sem aumento salarial. Os dados fazem parte do “1º Relatório de Sustentabilidade Humana e Produtividade Consciente no Trabalho”, que analisou os principais desafios enfrentados pelos profissionais no Brasil.
O levantamento, realizado entre outubro e novembro de 2024, coletou respostas de 721 trabalhadores espalhados por 20 estados brasileiros, além de mais de 3.100 comentários detalhando as dificuldades e expectativas em relação à qualidade de vida no trabalho. Os resultados confirmam uma tendência crescente: profissionais estão cada vez mais dispostos a abrir mão de altos salários se, em troca, puderem contar com um ambiente corporativo mais saudável e humanizado.
Os principais desafios das empresas
Entre os pontos mais críticos identificados pelo estudo, destacam-se:
- Insatisfação da Geração Z: Com um Net Promoter Score (eNPS) de -24, os jovens profissionais encontram dificuldades para se adaptar ao mercado de trabalho e frequentemente não se identificam com o propósito das empresas.
- Produtividade atrelada ao bem-estar: Funcionários que se sentem sempre produtivos apresentaram um eNPS de +22, enquanto aqueles que raramente se sentem produtivos registraram -84.
- Dificuldade de comunicação com a liderança: Muitos profissionais relataram receio em expressar suas necessidades ou frustrações para os gestores.
- Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional: A carga excessiva de trabalho e a falta de suporte ao bem-estar foram apontadas como barreiras para a qualidade de vida dos colaboradores.
- Ansiedade como sentimento predominante: 5% dos respondentes citaram a ansiedade como a principal emoção relacionada ao ambiente corporativo.
- Modelos de trabalho flexíveis impactam a satisfação: O home office foi o único modelo de trabalho com eNPS positivo (+13), enquanto o presencial obteve o pior desempenho (-20).
Mudanças na legislação impulsionam nova realidade
O estudo também destaca um fator regulatório relevante para as empresas: a atualização da Norma Regulamentadora NR-01, em agosto de 2024, que passou a exigir a identificação e a gestão de riscos psicossociais dentro do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). A medida obriga as organizações a adotarem políticas efetivas para reduzir os impactos negativos do estresse, assédio e sobrecarga de trabalho, protegendo a saúde mental dos colaboradores.
Renata Rivetti, CEO da Reconnect e especialista em felicidade corporativa, reforça a importância dessas mudanças: “Para que possamos realizar transformações efetivas, é crucial compreender o cenário brasileiro do trabalho, principalmente em sustentabilidade humana, bem-estar e produtividade. O relatório oferece insights valiosos para que empresas possam liderar essa mudança”.
O futuro do trabalho no Brasil
Com um mercado cada vez mais exigente e um olhar renovado para a saúde mental, as organizações que desejam atrair e reter talentos precisarão adotar práticas mais humanizadas. Oferecer suporte psicológico, flexibilizar rotinas e investir em uma liderança mais empática serão diferenciais cruciais na construção do ambiente corporativo do futuro.
A versão completa do relatório detalha estratégias para as empresas que buscam transformar o mundo do trabalho, garantindo mais satisfação e produtividade aos seus colaboradores.