A empresa não pode impedir que o colaborador entre em dívidas, mas pode apoiar e ajudá-lo a sair delas
Se é verdade que o excesso de dívidas tira o sono e compromete o desempenho do indivíduo durante o trabalho, seria sensato que as empresas considerassem acrescentar educação financeira em sua pauta e em campanhas internas ao longo do ano. No último mês de agosto, a empresa Multibenefícios, do GPA, descobriu que 74,85% dos profissionais entrevistados em sua pesquisa disseram não receber suporte do RH ou mesmo de superiores para evoluir seu entendimento financeiro.
Quando questionados sobre qual parcela de sua renda mensal está comprometida com dívidas, 36,06% total revelaram que metade daquilo que ganham mensalmente tem como destino o pagamento de débitos. Dos 48,79% que confessaram ter recorrido a algum tipo de empréstimo recentemente, 35,40%, revelaram pagar contas atrasadas com essa “ajuda”. É interessante notar também que mais da metade de todos os entrevistados, isto é, 50,91%, disseram não se sentir confortáveis para pedir apoio financeiro para a empresa em caso de necessidade.
A pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), por sua vez, corrobora esses números obtidos. Ela aponta que o indicador de inadimplência do consumidor avançou 3,63% em agosto, exatamente o mês da pesquisa realizada por Multibenefícios. O mesmo estudo ainda mostrou que, pela 11ª vez, este indicador subiu. Em números gerais, são quase 63 milhões de brasileiros com contas atrasadas. Isso representa quase metade da população adulta do país.
Assim como a saúde física e mental do colaborador, temas recorrentes nos planos e ações de endomarketing, a financeira também interfere no dia a dia da empresa. “É humanamente impossível concentrar-se em suas tarefas diárias quando há credores e preocupações constantes com dívidas”, lembra Sheila Moura, gerente geral de Multibenefícios. Segundo a executiva, a empresa não pode impedir que o colaborador entre em dívidas, mas pode apoiar e ajudá-lo a sair delas. “Cartões de crédito costumam oferecer taxas muito altas de juros e limites incompatíveis com a renda, e não são a única opção. A empresa pode, e deve, se apresentar como parceira de seu colaborador nestas horas.
Trabalhadores anseiam por ajuda extra da empresa
Para as companhias que já planejam acrescentar educação e auxílio financeiro aos seus tradicionais programas de saúde e bem-estar, um estímulo extra extraído da pesquisa de Multibenefícios: 68,79% das pessoas sinalizaram que gostariam que o RH oferecesse algum sistema de adiantamento salarial para sanar dívidas sem juros e, assim, verem-se livres do custoso serviço de bancos e operadoras de cartão de crédito.
Segundo Sheila, o fato de o número de trabalhadores dispostos a dividir anseios financeiros com as empresas é mais uma prova de que, cada vez mais, os programas de apoio devem ser mais abrangentes. Ela ainda alerta para a necessidade de “estruturar mecanismos que facilitem esse apoio e não constranjam o colaborador”.
Além de educação financeira por meio de palestras e informação, o mercado já disponibiliza produtos que podem ser boas ferramentas para situações como essa.
“Produtos como o Multicheque, que é um meio de pagamento para adiantamento salarial, funcionam dentro do limite estabelecido pela empresa (para que o empregado não gaste mais do que pode) e não tem juros para ele. É uma fonte segura e confiável de crédito, que difere do consignado justamente por não ter cobrança de juros”, finaliza.
Nível de endividamento dos trabalhadores e retrato do suporte dado pelas empresas
Você é de qual sexo? 330 respostas
83,64% (276) – Feminino
15,15% (50) – Masculino
1,21% (4) – outro
Qual é a sua faixa etária?
41,52% (137) – de 26 a 35 anos
22,12% (73) – de 36 até 45 anos
18,79% (62) – de 18 a 25 anos
13,94% (46) – de 46 a 60 anos
3,64% (12) – mais de 60 anos
Em que nível hierárquico você se encaixa atualmente?
48,18% (159) – Analista
18,79% (62) – Supervisão/gerência
14,24% (47) – Coordenação
11,52% (38) – Estagiário
5,45% (18) – Diretoria
1,82% (6) – Presidência
Qual a porcentagem aproximada da sua renda comprometida com dívidas?
36,06% (119) – 50%
30,30% (100) – 20%
12,42% (41) – 10%
10,91% (36) – 80%
10,30% (34) – não tenho dívidas
Você já se utilizou de algum tipo de empréstimo?
51,21% (169) – não
48,79% (161) – sim
O valor foi investido em que área da sua vida?
42,86% (69) – outros
35,40% (57) – pagar contas atrasadas
13,04% (21) – pagar cartão de crédito
4,97% (8) – comprar eletrônicos
3,73% (6) – comprar comida/roupa
O Rh de sua empresa já te ofereceu ajuda para controlar melhor seus gastos?
74,85 (247) – Não, nunca
25,15% (83) – Sim, a empresa oferece educação financeira
Você se sente confortável em pedir apoio financeiro ao seu RH?
50,91% (168) – Não, não tenho esse tipo de abertura
49,09% (162) – sim, tenho uma relação de muita confiança e parceria com a empresa
Você já ouviu falar do produto Multicheque, de Multibenefícios?
75,15% (248) – não, nunca me ofereceram tal benefício
24,85% (82) sim, o RH já me avisou desta opção
Você gostaria que o RH te oferecesse algum sistema de adiantamento salarial para sanar suas dívidas sem juros?
68,79% (227) – sim, seria ótimo
31,21% (103) – não, prefiro não envolver a empresa na minha vida financeira
Metodologia
Tanto coordenação quanto realização desta pesquisa são de responsabilidade de Multibenefícios, unidade de negócios do GPA. Vale adiantar que a coleta de dados ocorreu entre 14 e 16 de agosto de 2018, durante a 44ª edição do CONARH – Congresso Nacional de Recursos Humanos, evento realizado em São Paulo, mas que recebeu trabalhadores de todo o Brasil.
A amostra do estudo contempla a participação de 330 profissionais, de diversos segmentos e setores da economia. A pesquisa foi realizada por meio de um questionário com 10 perguntas, preenchida pelos participantes em um tablet, para verificar o nível endividamento dos profissionais e o apoio que recebem das empresas.