Na música e na dança, pode até ser, mas quando se trata do mundo corporativo, a resposta é NÃO. É importante evoluir sempre, ter um propósito e ir em busca. Porém, isso muitas vezes requer que ultrapassemos nossa zona de conforto, e para nós mulheres, sair dela passou a ser obrigação, principalmente quando se trata de ocupar postos de liderança no mercado de trabalho, que não é tarefa fácil. Em novembro de 2018, assumi o cargo de diretora Jurídica e de Recursos Humanos da Meritor e me tornei a primeira mulher a fazer parte da alta direção de uma das principais fabricantes de autopeças para veículos pesados do Brasil.
Posso dizer com orgulho que cheguei quebrando estereótipos: provei que existe espaço para a liderança feminina num ambiente historicamente marcado pela presença masculina em quase sua totalidade, e também para os jovens (tenho 33 anos) que podem agregar ainda mais competência e produtividade ao dia a dia em um setor tão competitivo como o da indústria automotiva.
Sei que tenho um longo caminho pela frente, pois o ambiente corporativo ainda é muito mais feroz com as mulheres do que com os homens. A nova edição do The Reykjavik Index for Leadership, elaborado pela consultoria Kantar, revela que apenas 41% dos brasileiros se sentem confortáveis com uma mulher como líder de uma grande empresa. As cobranças com as mulheres são grandes, mas garanto que a autocobrança é sempre muito maior: sei que não tenho espaço para errar, por isso, estabeleço metas e cumpro cada uma delas.
Felizmente nunca sofri preconceito de gênero. Sempre que me imponho nas decisões, faço isso com liderança e nunca com autoritarismo, e na Meritor, temos uma cultura de respeito muito grande, então não tenho problemas no meu dia a dia.
Aprendi com meu pai que ninguém estabelece nossos limites e somos capazes de chegar aonde quisermos, e para conquistar sucesso profissional temos que aperfeiçoar nossas expertises, manter um ótimo relacionamento interpessoal e focar nos resultados. Além disso, as mulheres conseguem ter feeling mais apurado e ajustar melhor o timing na tomada de decisões, o que pode ser apontado como uma vantagem competitiva inquestionável para as empresas.
Quando era estagiária, tive uma mentora que me inspirou muito, exemplo de mulher forte e que persegue seus objetivos. E é exatamente isso que quero ser na vida de outras mulheres. Quero inspirá-las a correr atrás do aperfeiçoamento profissional e conquistar seu espaço.
Na Meritor estabeleci como missão aumentar a presença feminina principalmente na parte industrial, que atualmente é composta prioritariamente por homens. Sei que as mulheres são tão capazes quanto eles para trabalhar nestes setores ditos “masculinos” e atenderem o nível de qualidade exigido pelo mercado. Com esse projeto quero quebrar barreiras e mostrar que as mulheres dão conta do serviço.
Precisamos cada vez mais derrubar mitos e criar um legado para mostrar que lugar de mulher é onde ela quiser. Mas isso só acontece com a união de todas. Uma ajudando a outra a conquistar seu espaço, afinal, ninguém faz nada sozinho. Por isso, na minha carreira, quero ser referência na luta pela conquista do espaço da mulher. Com uma aliança sólida, focada e forte, teremos o poder de impactar e transformar a sociedade. A missão é árdua e, ao mesmo tempo, cheia de recompensas.
Por Nathália Molina, diretora Jurídica e de Recursos Humanos da Meritor