Legitimar a dor de cada um. Esse é um dos principais conselhos da psicóloga Mariangela Blois, no livro Câncer Sem Papas na Língua – Histórias reais de quem lida com as agruras de pacientes, familiares e amigos (Matrix Editora). O objetivo é trazer conforto a todos que têm uma doença crônica, pacientes com câncer, familiares de pacientes e amigos de pacientes com câncer.
Alternando relatos verdadeiros com análises psicológicas e dicas, a autora coloca os pacientes como os reais protagonistas. Para ela, quem conhece o câncer é o oncologista, mas quem conhece o paciente é ele próprio, o familiar ou o melhor amigo.
A autora é altamente indicada para falar com os jornalistas por conta do Outubro Rosa, Movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. A data é celebrada anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença; proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.
Segundo a autora, alguns pacientes adoram falar sobre a doença: conhecem cada detalhe do tratamento recebido. Outros querem falar de tudo, menos da doença. A escolha é do paciente, não sua, adverte a Mariangela Blois.
Dentre as dicas, recomenda procurar profissionais, fontes confiáveis e não ceder às tentações de cair em fake news e em campanhas de internet que propagam mitos e vendem ilusões sobre a doença.
Apesar do avanço tecnológico da medicina, o diagnóstico do câncer ainda é encarado, muitas vezes, como sentença de morte. Além do choque inicial do diagnóstico, os pacientes costumam apresentar respostas emocionais como ansiedade, raiva e depressão, alternam desesperança, temor e apreensão. Não raro desenvolvem quadros depressivos.
A autora mostra como o psicólogo é fundamental para o equilíbrio e bem-estar do paciente nesse processo, no momento do diagnóstico e no decorrer do tratamento, como forma de minimizar as reações negativas provenientes do diagnóstico. A Psico-Oncologia é uma subespecialidade da oncologia que procura compreender as dimensões psicológicas presentes no diagnóstico do paciente de câncer, é interface entre a psicologia e a oncologia. Uma terapia com formação de vínculos, que ajudará o pacientem a família e a equipe médica a e fortalecerem.
Psicóloga formada pela PUC-SP e membro da Sociedade Brasileira De Psico-Oncologia SBPO e da Sociedade Brasileira de Psicologia, Mariangela Blois fez especialização em depressão, ansiedade e pânico. Tem mestrado também em depressão. Além dos pacientes que atende no consultório, presta assistência a muitos outros com câncer em hospitais em São Paulo. Apesar de todos os cursos que fez focados em PsicoOncologia, sua maior especialização foi adquirida mesmo na prática hospitalar diária.
Na obra, Mariangela Blois ressalta que é fundamental falar sobre a morte, sem tabus, sem censuras e olhar para o paciente sempre como único e não mais uma estatística.
Toda doença grave traz sofrimento físico, emocional, familiar e social. “As doenças são bem democráticas – atingem homens, mulheres e crianças. Na verdade, a pior doença é aquela que a pessoa tem”, destaca a autora.