A evolução do mindset de mudança avança com a identificação e a adoção de novas atitudes, valores e comportamentos
Daqui pra frente, tudo vai ser diferente. A frase pode ser animadora para algumas pessoas ou assustadora para outras. Sem exageros, mas encarando os fatos, mudanças acontecem todos os dias em nossas vidas e ao nosso redor. Ainda mais em um ano como 2018, com Eleições no Brasil, Copa do Mundo e 14 feriados nacionais, o que reduz a quantidade de dias úteis, com mudanças na política e na economia, em paralelo com avanços constantes na tecnologia e maior competitividade nos mercados. Com toda essa complexidade e volatilidade, o que profissionais podem fazer para ter um mindset para lidar melhor com as mudanças?
As organizações enfrentam desafios crescentes, em ambientes dinâmicos, contexto no qual profissionais com mentalidade aberta e voltada para a flexibilidade conseguem lidar com mais sucesso frente às mudanças. Entretanto, ser flexível não se limita apenas a ter jogo de cintura para conciliar situações, administrar conflitos e gerenciar a agenda para imprevistos. Trata-se de uma flexibilidade de modelo mental, que envolve criatividade e inovação, como propor mudanças no atendimento ao cliente, ou com estudo e lançamento de novos produtos e serviços, de alterar processos internos para reduzir prazos de entrega, entre tantos outros exemplos que envolvem alterações no ambiente empresarial.
O modelo mental para lidar com mudanças também inclui aceitar e trabalhar com novas ideias, ouvir e considerar opiniões contrárias, e estar aberto a pensar em possibilidades, e não em barreiras. Até quando ficar preso aos hábitos nos leva adiante, como indivíduos e organizações? Um psicólogo alemão, Kurt Lewin, desenvolveu um modelo com três etapas – Descongelamento, Mudança e Recongelamento –, que pode servir como uma referência para desenvolver um mindset para lidar com mudanças.
Descongelamento
O mindset de mudança começa nessa fase. Quando a necessidade de mudança se torna tão clara, o profissional, a equipe ou a organização devem derreter as velhas ideias e práticas, para que possam ser substituídas por novas ideias e práticas aprendidas. Nesse contexto, é fundamental atuar com senso de urgência, saber lidar com os obstáculos internos e externos, encontrar oportunidades de melhoria e visar resultados crescentes. Se não há descongelamento, a tendência será o retorno puro e simples ao padrão habitual e rotineiro de comportamento.
Mudança
A evolução do mindset de mudança avança com a identificação e a adoção de novas atitudes, valores e comportamentos. Nessa fase, antes de promover os novos padrões, é essencial criar uma visão de mudança e construir uma rede integrada com a liderança e os principais membros da organização envolvidos no processo. Durante o processo, dificuldades irão surgir e a vontade de resgatar os velhos padrões pode ser uma grande tentação. Por isso, o engajamento vem dos primeiros resultados alcançados, onde deve se destacar a eficácia no desempenho a partir das mudanças. As novas ideias e práticas são aprendidas, de modo que as pessoas passam a pensar e a executar de uma nova maneira. E celebrar as pequenas vitórias, a partir da mudança feita, pode ser vantajoso e estimulante para manter a mudança em curso.
Recongelamento
Nessa última fase, a incorporação de um novo padrão de comportamento acontece por meio de mecanismos de suporte e de reforço, e o que foi aprendido passa a ser a nova maneira que o profissional conhece e faz o seu trabalho. Algumas situações novas e inesperadas podem surgir, mas é muito importante não desanimar e continuar revendo processos, buscando o autodesenvolvimento, buscando recursos e alternativas para superar as barreiras. Conhecer a nova prática não é suficiente, é preciso incorporá-la e fixá-la ao comportamento.
Uma importante mudança no contexto das organizações é representada pelos avanços na era digital, que têm provocado impactos em diversas atividades profissionais e processos internos. Em Recursos Humanos, por exemplo, as ferramentas podem contribuir para acelerar tarefas e procedimentos como recrutamento e seleção, estruturas de cargos e salários, avaliação de indicadores e em tantas outras situações.
A questão-chave aqui é mais comportamental do que tecnológica, pois muitos profissionais de RH estão acostumados a lidar da forma tradicional com esses processos, e ainda mantêm uma postura reticente sobre a adoção de ferramentas digitais. O medo sobre como a tecnologia pode substituir o trabalho de diversas pessoas deve dar lugar à visão de novas possibilidades, onde o digital acelera a execução do trabalho operacional, para que os profissionais usem seu tempo de forma mais estratégica, para a tomada de decisões. Mais do que a adoção de novas tecnologias, é preciso adotar uma nova mentalidade.
Os motivos pelos quais as mudanças acontecem podem variar, e em diversos casos, não temos controle da situação. Contudo, podemos escolher nossas atitudes frente ao desafio, descongelando os hábitos, promovendo mudanças com novas iniciativas e comportamentos, para depois recongelar e solidificar as novas competências. O mindset para mudança pode ser desenvolvido, mas antes disso, procure em você a motivação para lidar com a mudança antes que ela ocorra e projete os benefícios que você poderá conquistar com o novo.
E a oportunidade para descongelar velhos costumes e recongelar novas práticas acontecerá no HR Conference, o evento da HSM que acontece no dia 6 de março de 2018. Com a proposta de ressignificar o papel do RH na era digital, esta é uma grande oportunidade para discutir e redefinir os caminhos da gestão de pessoas nas organizações, entendendo a influência de novos mindsets e o papel do RH hoje e no futuro.
Renato Martinelli é Head de Educação Corporativa da Know Now e Consultor Associado da HSM