Por Fabiana Salles, Head de Dasa Empresas
A pandemia provocada pela Covid-19 reiterou o quanto é fundamental para uma empresa ter o propósito forte e verdadeiro de cuidar da saúde dos seus colaboradores. Novos programas de pessoas e cultura foram criados e a área de Recursos Humanos precisou repensar, rapidamente, processos, treinamentos, planejamentos e benefícios. Afinal, o que era oferecido antes estava alinhado com o que os funcionários precisavam?
A ciência de dados é uma ótima aliada para responder a essa pergunta, cuja definição muda o tempo todo. Representa, também, um divisor de águas na forma de coordenação de cuidado pela área de Recursos Humanos, que envolve mudança de cultura e comportamento na gestão da saúde corporativa.
Com o people analytics, técnicas de análise transformam os dados em inteligência e promovem informações que embasam as decisões e afetam, diretamente, o resultado dos negócios. O RH passa a enxergar o perfil de seus funcionários e a realizar estratégias de atuação mais assertivas, assim como mensurar os resultados e, se necessário, repensar as ações.
People Analytics: tendência ainda pouco explorada
No Global Talent Trends 2020, pesquisa realizada pelo LinkedIn com mais de 7 mil profissionais em 35 países, o people analytics foi apontado como uma das quatro tendências mais importantes para a área de RH, sendo lembrada por 85% dos entrevistados e ficando atrás, somente, de employee experience (94%)1.
Mas, apesar do caminho apontar nesta direção, o mesmo relatório mostra que ainda há muito a ser construído: enquanto 73% das empresas entrevistadas afirmaram que a ciência de dados é uma prioridade para os próximos cinco anos, 55% delas disseram que precisam de ajuda com análises básicas relacionadas à área de Recursos Humanos1.
Por outro lado, quem já está usando a ciência de dados comemora os resultados na prática. Recentemente, a McKinsey divulgou um case de uma empresa que reduziu seus bônus de retenção em 20 milhões de dólares graças ao uso de análises comportamentais preditivas. Neste caso, a ciência de dados contribuiu para que o RH percebesse que o investimento limitado em gestão e treinamento, assim como o reconhecimento e os benefícios oferecidos, eram inadequados e contribuíam para o alto turnover2.
Gosto do modelo que atuamos hoje. Somos um hub de soluções de saúde corporativa que, junto com as operadoras, transforma os cuidados com colaboradores e dependentes de empresas parceiras, contribuindo para a sustentabilidade do setor. Soluções físicas e digitais que unem medicina diagnóstica, hospitais e coordenação de cuidado para viabilizar soluções integradas de saúde junto ao mercado corporativo.
Este formato permite desenvolver parcerias estratégicas para gestão de beneficiários por meio de data-driven, health decisions e apoio de tecnologia. Desta forma, promovem às empresas um mapa preciso da saúde de seus colaboradores, podendo atuar em ações preventivas e de estímulo a uma rotina saudável. O resultado? Redução do absenteísmo, melhora de produtividade, cuidados com a saúde mental e o convívio social das pessoas.
Ao lidar com informações dos usuários, as empresas devem assegurar que seus colaboradores deem consentimento para o uso dos dados e adiram aos programas de cuidados médicos com base nesses dados. De acordo com estudo desenvolvido pela empresa de consultoria e auditoria PwC em parceria com a Universidade do Sul da Califórnia, entre 2018 e 2019, um trabalhador feliz é 31% mais produtivo, três vezes mais criativo e vende 37% mais. O objetivo da pesquisa, que coletou dados de mais de 1.425 pessoas, era mapear as conexões entre as práticas de bem-estar e as consequências para os negócios.3
Gerir uma empresa com o propósito forte e verdadeiro de cuidar da saúde das pessoas, é algo que me motiva a compartilhar minha experiência no setor corporativo. É desafiador encontrar ferramentas realmente eficazes, que envolvem algoritmos, inteligência artificial e machine learning, e que ajudem as empresas a acolherem seus colaboradores e dependentes para que tenham um olhar 360 graus para a saúde.
Vejo um futuro muito próximo com possibilidades infinitas de inteligência de dados a favor da saúde corporativa. Além de ser uma tendência, o uso de dados é estratégico para a retenção de talentos, para obter bons resultados e para manter os colaboradores com qualidade de vida e mais saúde.
Referências:
- LinkedIn. Global Talent Trends 2020. Disponível em: https://business.linkedin.com/talent-solutions/recruiting-tips/global-talent-trends-2020
- McKinsey. Power to the new people analytics. Disponível em: https://www.mckinsey.com/business-functions/organization/our-insights/power-to-the-new-people-analytics
- Correio Braziliense. Investir na saúde mental dos trabalhadores gera produtividade. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/trabalho-e-formacao/2020/09/4876668-investir-na-saude-mental-dos-trabalhadores-gera-produtividade.html