Estar aberto para o novo é a parte desse novo jogo
No nosso mundo VUCA (Vulnerável, Incerto, Complexo e Ambíguo), termo cunhado por militares norte-americanos, e também na era exponencial na qual decolam empresas como Uber, Airbnb e Tesla, as mudanças acontecem rápido demais. Penso então que a questão que está nos corações e mentes de dirigentes é:
Será que somos capazes de ser uma Learning Organization na velocidade certa?
Ouso dizer que a empresa que não é uma Learning Organization, ou seja, que não tem um processo de aprender com os próprios erros, que não pensa de maneira sistêmica, que só apaga incêndios, que não tem uma visão de futuro clara e compartilhada entre lideranças e equipes, que não forma times capazes de gerar e transmitir conhecimento e que também não busca desenvolver pessoas rumo à excelência pessoal, está fadada a ficar fora do jogo competitivo mais rápido do que nas décadas passadas.
Fico imaginando o que será que pensaria o conselho diretivo da Blockbuster, hoje, sobre o fato de terem declinado, há alguns anos, a oportunidade de adquirir, por 50 milhões de dólares, uma empresa muito menor, chamada Netflix. Hoje, a Netflix tem, nos EUA, mais assinantes do que todas as redes de TV a cabo juntas. E como será que empresas automobilísticas centenárias como Ford e General Motors reagirão à chegada da Tesla, que recentemente ultrapassou em valor de mercado o valor das duas gigantes centenárias?
Estar aberto para o novo é a parte desse novo jogo. Está nas mãos das lideranças o papel de criar, continuamente, as bases para que as organizações se abram para aprender cada vez mais rápido. Uma postura que acredito que faz a diferença é opor-se à miopia corporativa do “não inventado aqui”, encarar de frente o que incomoda, manter-se antenado para ver objetivamente o que está acontecendo no mundo, o que pode causar impactos e trazer esses fatos para a mesa de discussão e ação. É entender que o enxugamento precipitado de quadros, justificado por pressões de fluxo de caixa, pode causar “vazamentos” de conhecimento que estavam, por razões que dariam outro artigo, presentes apenas nas cabeças de algumas pessoas, e não transferidos para os processos organizacionais. O impacto final é sentido pelo cliente fiel, outrora satisfeito e agora se questionando: Por que será que a empresa está pecando naquilo que fazia tão bem?
Encerro compartilhando duas ações práticas para aprimorar a sua velocidade de aprendizagem. A primeira foi sugerida a mim por um investidor de venture capital: se você deseja acelerar seu aprendizado sobre o que está acontecendo no mundo, comece conhecendo o que as startups estão fazendo. Marque uma visita ao Cubo do Itaú, conheça o InovaBra do Bradesco, passe um período trabalhando em um coworking, ou ainda, se puder, passe uma semana em uma missão para o Vale do Silício – e compartilhe o que aprendeu nas reuniões, bem como procure fazer uma contínua sondagem do ambiente de maneira prevista e planejada na rotina de gestão, por exemplo quinzenalmente, não deixando isto ao acaso.
A segunda dica é: desaprenda algo todos os dias. Isso mesmo, abra espaço para aprender o novo, primeiro desaprendendo o que já sabe. Desafie os seus modelos mentais, abra-se para o inusitado. Não é fácil, e exige o que chamo de atitude OLX: Desapega! Busque um novo caminho para chegar ao trabalho, baixe um aplicativo que solucione um problema do dia a dia, passe por uma experiência que você nunca experimentou antes, encontre um jeito diferente de fazer coisas rotineiras, conviva com pessoas que pensam radicalmente diferente de você. Nutra, como diz Jeff Bezos, fundador da Amazon, a atitude de estar em “permanente beta”, ou seja, em permanente estágio de testes. E se você tiver possibilidade, mobilize e inspire pessoas para criarem uma cultura em permanente beta dentro da sua área. E, aproveite cada segundo dessa jornada como algo mágico dos tempos que vivemos!
Sua jornada e a de sua empresa podem começar logo mais, no dia 06 de março de 2018, no HR Conference. Organizado pela HSM, este evento apresentará visões de alguns dos nomes mais relevantes do campo da gestão de pessoas, onde o assunto é a ressignificação do papel do RH na era digital. Esteja aberto para o novo e pense no futuro.
Dante Mantovani – Consultor em Educação Executiva e Desenvolvimento Humano