Diversidade etária: um pilar estratégico para inovação e competitividade no mercado de trabalho.
O mercado de trabalho, em constante evolução, tem se adaptado a novas realidades tecnológicas, sociais e culturais. Contudo, um problema antigo continua persistindo em muitas empresas: o etarismo. A discriminação por idade, uma prática que silencia experiências e marginaliza profissionais talentosos, muitas vezes começa antes mesmo da entrevista — no job description.
É responsabilidade do setor de Recursos Humanos reconhecer que, ao perpetuar critérios de idade nos anúncios de vagas ou exigir competências que insinuam um perfil etário específico, estão contribuindo para a exclusão de uma importante parcela da força de trabalho. Se o objetivo é ter equipes diversas, inovadoras e competitivas, combater o etarismo precisa ser prioridade desde a redação das vagas.
Frases como “ambiente dinâmico, ideal para jovens talentos”, ou “buscamos um profissional recém-formado com até três anos de experiência” podem parecer inofensivas. No entanto, tais expressões enviam uma mensagem clara: se você passou de uma certa idade ou se já acumula muitos anos de mercado, não é bem-vindo. Isso não só elimina profissionais mais experientes da equação, como também priva as empresas de perspectivas diversificadas e de uma vasta bagagem de conhecimento.
Pesquisas indicam que a idade pode ser um dos principais fatores de discriminação no mercado. No Brasil, segundo levantamento da plataforma Vagas.com, 36% dos trabalhadores acreditam que a idade é um obstáculo para novas oportunidades de emprego. E essa discriminação não atinge apenas os mais velhos; jovens recém-formados também enfrentam preconceito por serem considerados inexperientes ou imaturos.
Ainda que o etarismo seja proibido por lei, como estabelecido na Constituição Federal e na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ele é muitas vezes invisível, disfarçado nas entrelinhas dos requisitos profissionais. O desafio para o RH é encontrar um equilíbrio entre as necessidades específicas da vaga e a inclusão. Um job description que pede “flexibilidade para trabalhar longas horas” ou “energia para acompanhar o ritmo acelerado” pode, inconscientemente, criar um viés em detrimento de candidatos mais velhos.
As empresas que se destacam em inovação e diversidade entendem que a experiência não tem idade. Inclusive, estudos globais revelam que equipes multigeracionais apresentam maior capacidade de resolução de problemas, criatividade e empatia. O RH precisa abraçar essa mentalidade e transformar seus processos seletivos para refletir um mercado mais justo e representativo.
Para garantir que o etarismo seja combatido já no anúncio da vaga, o RH deve adotar algumas práticas essenciais:
- Redefinir o job description: Eliminar menções a requisitos de idade, evitar termos que indiquem um perfil específico e focar nas habilidades e nas competências necessárias para a função.
- Flexibilizar exigências: Avaliar se o número de anos de experiência exigido é realmente necessário ou se pode ser ajustado para atrair uma gama mais diversa de candidatos.
- Treinamento do time de recrutamento: É fundamental que os recrutadores estejam preparados para identificar e eliminar seus próprios vieses inconscientes, tratando cada candidato como um potencial talento, independentemente da idade.
- Aproveitar a experiência: Em vez de ver a idade como um obstáculo, as empresas devem valorizar o que os profissionais mais velhos têm a oferecer — a capacidade de liderar, mentorizar e compartilhar conhecimento.
Para o futuro do mercado de trabalho, a diversidade etária será um dos diferenciais mais valiosos. Empresas que adotam essa abordagem ampliam sua capacidade de inovação e se preparam melhor para enfrentar os desafios do amanhã.
O etarismo deve ser combatido em todas as suas formas. Não há espaço para discriminação de idade em um mercado que exige competitividade, inclusão e inovação. Que o RH entenda que a mudança começa no job description. Se a vaga que você está criando reflete apenas uma parte da população, ela está fadada ao fracasso.