Nos últimos anos tem se intensificado o debate sobre diversidade e inclusão nos ambientes de trabalho e outros segmentos da sociedade. Apesar da crescente e notória conscientização sobre o tema, a diversidade ainda é um desafio. No Brasil, por exemplo, as mulheres são 51,7% da população, mas elas respondem por somente 20% das profissionais que atuam com tecnologia da informação, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2018 conduzida pelo IBGE.
Quando uma organização se preocupa em fazer da inclusão uma política interna, os benefícios vão além do compromisso social. Um estudo realizado pelo Boston Consulting Group com 171 empresas da Alemanha, Áustria e Suíça mostrou que as companhias cujo índice de diversidade era maior do que a média geraram cerca de 38% a mais de receita de produtos ou serviços inovadores no período de três anos, quando comparadas com empresas com índices de diversidade menor. Além de as melhorias estarem ligadas diretamente à presença de mais mulheres em cargos de chefia, o estudo também considerou diferentes nacionalidades, profissionais com histórico em outras indústrias e idade como elementos que auxiliam nesse processo de inovação.
Números à parte, é lógico dizer que diversidade e inclusão fazem ainda mais sentido quando falamos de empresas de tecnologia. Como seria possível, afinal, inovar e promover a melhoria da qualidade de vida para todas as pessoas e desenvolvimento da sociedade sem ideias diversas? Esse olhar vai até o desenvolvimento de um produto, por exemplo, fazendo com que a companhia possa atingir outros públicos que ela possivelmente não imaginaria caso estivesse em um ambiente pouco diverso. A qualidade e riqueza que podemos ter em uma equipe diversa é infinita.
Na Lenovo temos o compromisso de inovar e entregar tecnologia inteligente para todas as pessoas. À medida que desenvolvemos propostas viáveis do ponto de vista comercial e produtivo, mantemos o foco em melhorar a vida da sociedade de uma forma geral. Isso faz com que a diversidade não seja uma escolha, mas uma necessidade para nós.
No processo de teste dos nossos produtos a equipe de UX (User Experience) Design busca sempre pensar em uma população diversa de usuários. Selecionamos, intencionalmente, participantes de diferentes gêneros, etnias e estaturas. Levamos em consideração também características como tipos de cabelo, penteados e óculos. Com isso, buscamos responder à pergunta: esse dispositivo é funcional e confortável para a diversidade de usuários que possamos ter?
Sim, até mesmo levar em conta o penteado de cabelo é importante. Ao desenvolver o ThinkReality A6, dispositivo de realidade aumentada com foco no mercado corporativo, o time de UX da Lenovo teve o desafio de imaginar os mais variados usos em um universo completamente diverso. Com foco no mercado corporativo, o equipamento foi projetado para ser utilizado de diferentes formas, por pessoas diferentes, nos mais variados segmentos da indústria. O maior número possível de variáveis deve ser considerado para alcançar um número diverso de pessoas e tantas outras para atingir-se um design de sucesso, como o material que será utilizado, formatos para que se adequem aos diferentes tipos de cabeça ou penteado, por exemplo. Isso só reforça o quão importante é a diversidade nas equipes para que sejam desenvolvidos produtos e soluções que sejam os mais inclusivos possível.
Conforme reportado no estudo do Boston Consulting Group, variações de nacionalidade e de diferentes indústrias na equipe também são características que merecem atenção e contribuem com a inovação, à medida que quanto mais diversas as vivências de cada integrante da equipe de design de produto, maior a chance de eliminar vieses. Equipes diversas veem os problemas com diferentes perspectivas, o que naturalmente tende a gerar mais ideias, facilitando a efetividade na resolução dos problemas.
Na Lenovo acompanhamos de perto o time de inclusão para estimular a entrega de uma tecnologia cada vez mais inovadora e inclusiva. Com 46% de funcionárias mulheres nas divisões PCSD e DCG no Brasil, consideramos que sempre há espaço para ir além, ainda que o percentual esteja acima da média nacional. Por meio do programa Will (Woman in Lenovo Leadership) reunimos ações para o desenvolvimento de nossas funcionárias com o objetivo de aumentar a participação delas em cargos de liderança. Entre as ações podemos destacar as turmas de mentoria que ocorrem há três anos, com grupos que reúnem mulheres em diferentes níveis e posições para discutir as principais barreiras que elas encontram no universo corporativo.
Temos trabalhando também ativamente na inclusão de PCDs (Pessoas Com Deficiência) no nosso quadro de funcionários, de modo que deficientes auditivos são hoje a maioria de trabalhadores nessa categoria em nossa fábrica, na cidade de Indaiatuba. Para estimular sua integração com os demais funcionários, realizamos curso de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais), que foi muito bem aceita por toda a equipe.
Em dezembro de 2019 foi criado, na América Latina, o PRIDE, iniciativa que tem como objetivo proporcionar conhecimento sobre o universo LGBTQI+ e amparar funcionários e aliados da causa. Criamos um grupo de profissionais de diferentes áreas, etnias e orientações sexuais, para apoiar o compromisso da Lenovo de “diferente é melhor” e estimular um ambiente livre de discriminação, assédio e discurso de ódio. Por meio de comunicação interna educativa e ações sociais junto a ONGs, mostramos para as pessoas o poder que um ambiente diverso pode trazer para a organização e para a sociedade em que ela está inserida. O PRIDE é patrocinado por alguns dos principais executivos da empresa na América Latina, justamente para levarmos aos funcionários a mensagem acerca da importância que este tema possui dentro da nossa organização.
Sabemos que ainda há muito a se fazer e estamos constantemente identificando oportunidades sobre como podemos contribuir para a sociedade demostrando respeito e empatia em forma de tecnologia inclusiva.
Por Andrea Barral – diretora de RH da Lenovo Brasil