Por Camilla Clemente, Sócia da Neon ConsigaMais
Vivemos em um tempo em que ter saúde mental é luxo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 milhões de pessoas no mundo sofrem com problemas dessa natureza, sendo o Brasil o país na América Latina com mais casos de depressão, além de ser o mais ansioso do planeta. E um dos principais gatilhos que desencadeiam essas doenças é a instabilidade financeira. Fator agravado pela pandemia.
O coronavírus chegou há quase dois anos, fechou inúmeros estabelecimentos comerciais no mundo todo e causou diversos problemas econômicos, que permanecem até hoje. De acordo com a FecomercioSP, no primeiro semestre de 2021, a quantidade de famílias endividadas nas capitais brasileiras atingiu a maior taxa dos últimos 11 anos, chegando a 71,4%. Só na capital paulista, 73,5% das famílias estavam com dívidas em novembro do ano passado, o percentual mais alto desde 2010.
Segundo a Pesquisa de Bem-estar Financeiro de Funcionários da PwC, de 2021, 63% dos funcionários dizem que o estresse financeiro piorou desde o início da pandemia. Essa preocupação com as finanças impacta não apenas na vida pessoal como na rotina profissional: reduz a produtividade, aumenta a distração no trabalho, gera mais rotatividade, aumenta os custos de contratação e treinamento, e ocasiona mais problemas de saúde e nos relacionamentos.
De que forma as empresas podem ajudar?
Diante desse cenário, as companhias podem criar ações para ajudar seus colaboradores a melhorar o controle da situação financeira. A orientação vinda do ambiente de trabalho, geralmente é mais efetiva que a dos familiares ou da escola, pois vêm do local onde a pessoa ganha seu dinheiro. E o departamento de Recursos Humanos têm o papel social de ajudá-los a terem uma relação mais saudável com ele.
Além de oferecer suporte emocional e benefícios, a empresa pode colaborar proporcionando conhecimento para despertar a consciência financeira – como ensinar a organizar o dinheiro, a criar um planejamento e a alcançar seu objetivo – e apresentando ferramentas que auxiliem no controle dos gastos. Essa educação financeira pode ser oferecida através de palestras, workshops ou canais de relacionamento, como e-mail, WhatsApp e redes sociais.
Outro benefício que pode contribuir com a organização financeira é disponibilizar crédito consignado aos colaboradores. Ele permite que funcionários tenham acesso a uma linha de crédito de forma rápida e sem burocracia, com juros bem menores que os aplicados no mercado. Ainda possibilita a ampliação do prazo de pagamento e adequação das parcelas à faixa salarial.
Ao promover o bem-estar financeiro, as empresas ajudam a melhorar a saúde mental de suas equipes, o que resulta em mais qualidade de vida, propicia diversos impactos positivos à rotina de trabalho e, também, traz reflexos à economia do país – por possibilitar que as famílias tenham um dinheiro extra para acerto de contas e consumo. Um ganho para todos.