Especialista explica como ferramentas de análise de engajamento e comunicação interna estão mudando o papel do RH nas corporações.
De acordo com o relatório State of the Global Workplace 2024, da Gallup, empresas com alto índice de engajamento apresentam 23% mais rentabilidade, 18% mais produtividade e até 51% menos rotatividade. Mas, para além dos números, esse tipo de ambiente só existe quando as pessoas se sentem ouvidas, reconhecidas e parte de algo que faz sentido.
“Estamos falando de transformar o RH de reativo para preditivo”, afirma Andréa Migliori, CEO da Workhub, ecossistema de experiência do trabalho que une comunicação, produtividade, treinamentos e dados em um único ambiente digital.
Segundo ela, o segredo está no uso inteligente da tecnologia: analisar como os times interagem, do que participam, o que consomem — e o que ignoram — é a base para decisões mais humanas e acertadas.
Com plataformas que reúnem e analisam as interações internas, o RH consegue entender, de forma prática, quais temas geram mais engajamento e o que realmente importa para as pessoas.
“Imagine que você publica um conteúdo sobre endividamento e outro sobre férias. Se o primeiro gera mais visualizações, comentários e curtidas, é um indicativo claro de que o time está mais preocupado com saúde financeira do que com descanso no momento”, explica Andréa.
A partir dessa leitura, o RH pode propor, por exemplo, uma parceria com uma fintech para oferecer crédito consignado — ação que terá mais aderência e impacto do que uma campanha sobre recesso. O mesmo vale para temas como home office, benefícios flexíveis ou equilíbrio emocional.
“O engajamento digital é uma bússola poderosa. Ele mostra onde estão os gargalos e onde estão as oportunidades de escuta ativa e ação real”, completa a executiva.
RH estratégico é RH que escuta e age
Tecnologia e dados também permitem ajustes finos em tempo real: se as interações indicam falta de clareza sobre papéis e processos, o sistema pode sugerir reforços de comunicação ou treinamentos específicos. Se há queda na participação em determinados canais, isso pode sinalizar sobrecarga, desmotivação ou desalinhamento com as prioridades da equipe.
“Esse tipo de leitura nos ajuda a tomar decisões não com base em achismos, mas em evidências”, reforça Andréa.
Um estudo recente da McKinsey & Company revela que 40% dos trabalhadores considerariam deixar seus empregos caso não tivessem flexibilidade e autonomia — demandas que podem ser diagnosticadas e acompanhadas com mais precisão a partir de ferramentas de análise de comportamento organizacional.
“Quando centralizamos todas as conversas, dados e ações em um só lugar, conseguimos enxergar o invisível. É isso que faz da tecnologia uma aliada para um RH verdadeiramente humano”, finaliza.