Alteração drástica do humor, baixa entrega de trabalho, irritabilidade, esquecimentos frequentes ou isolamento social podem ser sintomas da Síndrome de Burnout, transtorno psicoemocional relacionado ao estresse crônico no ambiente de trabalho, e que tem ganhado atenção no mundo corporativo. Cerca de 30% dos profissionais brasileiros sofrem da Síndrome de Burnout, e estima-se que a doença causa um prejuízo de aproximadamente 4,5% no PIB (Produto Interno Bruto) nacional ao ano.
Em meu trabalho de consultoria para empresas tenho ajudado gestores a entender como lidar com casos de transtornos emocionais nas organizações e, melhor ainda, como preveni-los. Os sintomas típicos da síndrome são: sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, comportamentos compulsivos, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração e raciocínio, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima. Cansaço, sudorese, enxaqueca, insônia, dores musculares, hipertensão, tonturas, palpitações, distúrbios gastrointestinais são algumas das manifestações físicas causadas pelo estresse crônico.
Um dos principais pontos para início de entendimento da Síndrome é que nem sempre é fácil identificar e correlacionar os sintomas á transtornos emocionais e que o diagnóstico de Burnout é difícil e pode levar tempo para que a empresa e o funcionário perceba o que esta situação está instalada. É preciso entender os fatores causais e como enfrentá-los e, mais importante, lembrar que o acompanhamento médico e psicológico é necessário para o tratamento efetivo.
Frequentemente os fatores estressores podem ter múltiplas causas, porém todas características na Síndrome de Burnout estão relacionadas às atividades laborais e ambiente de trabalho. Para identificar os fatores que causam transtornos mentais aos colaboradores é preciso entender sobre algumas questões básicas, como por exemplo, o ambiente organizacional, se é acolhedor, se os processos do trabalho são bem conhecidos pelos funcionários, adequar as ferramentas de trabalho às demandas e às atividades desempenhadas etc.
Devido à complexidade dos fatores causais dos transtornos psicoemocionais no trabalho o ponto fundamental para iniciar o preparo das ações e programas de combate ao estresse é ter um ambiente organizacional acolhedor.
A identificação e mapeamento das áreas de maior risco e as que merecem mais atenção são formas úteis de monitorar e desenvolver ações preventivas e corretivas contra os fatores estressores.
Atualmente as ações comumente desenvolvidas nas organizações são palestras e treinamentos, workshop e oficinas (temas: técnicas de relaxamento; mindfulness; resiliência; etc.), atendimento em coaching de saúde e bem-estar, gestão de crise e atendimento a incidentes críticos. Atualmente a tecnologia vem apoiar programas trazendo facilidade de acesso, comodidade e privacidade através das sessões de psicoterapia por vídeo.
Frequentemente as organizações têm alguma dificuldade em lidar e acolher os casos identificados. Para isto é preciso entender os fatores causais organizacionais, familiarizar e preparar lideranças e gestores, prover ações contínuas de melhoria na organização por meio de ações e políticas de saúde, a fim de atuar de forma efetiva na prevenção dos transtornos mentais e promover ambientes emocionalmente saudáveis.
Por Antonietta Medeiros, Superintendente de Gestão de Riscos em Saúde da Mercer Marsh Benefícios