Por Renato Navas, Co-founder e Head de People Science da Pulses
Se antes o conceito VUCA (do inglês, volátil, incerto, complexo e ambíguo) era o que ditava os negócios, hoje a pandemia já mostrou que estamos, de fato, na era BANI (frágil, ansiosa, não-linear e incompreensível). Em resumo, estamos vivendo uma realidade onde tudo pode ruir a qualquer momento, repleta de incertezas, sem possibilidades de previsões concretas e onde nossa capacidade de entender o mundo está sobrecarregada e desestabilizada por conta do excesso de informações com diferentes pontos de vista. E isso representa um desafio gigantesco para o setor de recursos humanos.
A gestão de pessoas não é mais aquela área da empresa que lida apenas com as burocracias e atividades administrativas relacionadas ao trabalhador. Muito mais do que isso, hoje o setor é extremamente estratégico e pode trazer um tremendo diferencial competitivo para o negócio. A Pesquisa Carreira dos Sonhos 2019, da Cia de Talentos, revelou que, mais do que um bom salário, atualmente os colaboradores estão em busca de ambientes que promovam ética, confiança, flexibilidade, criatividade e desenvolvimento profissional contínuo.
Um dos maiores desafios das empresas, portanto, é se reestruturar para esse novo momento, que vem muito pautado pelos avanços tecnológicos. Uma outra pesquisa, do Instituto Great Place to Work (GPTW), mostrou que as principais dificuldades para a evolução do RH no cenário atual são criar uma mentalidade digital, estabelecer programas voltados para a saúde mental e reestruturar processos tradicionais de gestão de pessoas. Com o trabalho híbrido, essa necessidade fica ainda mais evidente, já que a distância dificulta que os líderes estejam mais próximos, estreitando relacionamentos e acompanhando os movimentos sutis da cultura organizacional.
Uma grande aliada para esse momento são as pesquisas de clima contínuas, ou, como são conhecidas, as pulse surveys. Essas pesquisas perguntam, de forma regular e frequente, sobre a percepção dos colaboradores em relação a diversos aspectos da empresa. Por meio delas, é possível acompanhar em tempo real o clima organizacional, dando voz às pessoas que fazem parte do dia a dia do empreendimento. Essa prática de ouvir continuamente o colaborador e, consequentemente, sentir a organização de forma contínua, é chamada de continuous sensing, e vai na contramão das tradicionais pesquisas de clima anuais. Enquanto o resultado dessas pesquisas espaçadas mostram uma “fotografia” de um momento específico na organização, as respostas dos pulsos, que são perguntas enviadas com frequência, mostram um “filme” do que acontece com as equipes. Assim, os líderes conseguem tomar decisões complexas com o apoio de dados concretos, que são coletados e analisados através de inteligência artificial.
A Pulses, por exemplo, tem uma plataforma focada em Cultura, Clima, Engajamento e Employee Experience, e monitora continuamente a opinião dos colaboradores com perguntas enviadas semanalmente por e-mail, app, SMS ou slack. As respostas coletadas são mostradas em tempo real num dashboard que agrupa 12 dimensões — entre elas: alinhamento com a empresa, desenvolvimento profissional e liderança — e 39 fatores — como identificação com a missão, oportunidades de desenvolvimento e qualidade do relacionamento com o líder. Com ajuda de inteligência analítica, a Pulses oferece condições de compreender os principais aspectos que impactam no engajamento, propensão à saída e e-NPS (Employee Net Promoter Score), auxiliando, assim, o líder e o RH a tomar decisões mais efetivas para a organização.
Ouvir os colaboradores é de suma importância para conseguir analisar o DNA da empresa e agir sobre aquilo que de fato importa e trará resultados, especialmente nesse cenário que estamos vivendo onde as prioridades mudam rapidamente. Com a escuta contínua, mesmo a distância, é possível mostrar que as pessoas realmente importam para a organização, diminuir a ansiedade, aumentar a previsibilidade e atuar de forma muito mais rápida e assertiva sobre o que precisa ser melhorado na empresa.