Por Renato Navas, cargo Cofounder e Head de People Science da Pulses
A saúde mental do colaborador brasileiro, que já não vinha bem, teve uma piora significativa com a pandemia: um levantamento recente da Semrush mostrou que as buscas pelo termo “burnout” na internet tiveram um aumento de 122% durante a crise, com 155 mil pesquisas sobre “o que é burnout” e “sintomas de burnout”. Mesmo antes da Covid-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já tinha divulgado dados alarmantes sobre os índices de bem-estar no Brasil: o país já era o mais ansioso do mundo, e o segundo no pódio do burnout, com pelo menos 3 a cada 10 pessoas sofrendo com a síndrome.
Esse contexto é bastante preocupante para as lideranças, já que uma equipe que apresenta índices de bem-estar desfavoráveis tende a ser menos engajada, produtiva e traz menos resultados para a empresa. Além disso, o estresse e a exaustão emocional podem acarretar em outros prejuízos mensuráveis (como absenteísmo, compensações demasiadas, reivindicações e despesas médicas), e não mensuráveis (como a perda de talentos). O turnover, que é essa rotatividade de colaboradores, inclusive é um grande desafio das empresas brasileiras, porque com ele vêm um aumento de gastos para a organização, uma sobrecarga para os colaboradores e um impacto negativo na imagem da organização.
Um dos grandes vilões da perda de talentos é justamente o estresse, já que, quanto mais estressado no trabalho, menos o trabalhador deseja permanecer naquela companhia. Por isso é tão importante cultivar um ambiente psicologicamente saudável, seguro e acolhedor para as equipes. Mas, mais do que isso, também é essencial construir uma cultura de escuta ativa contínua.
Ao medir constantemente o clima da empresa, é possível identificar quais fatores estão afetando favoravelmente ou não a experiência dos colaboradores na empresa. E quanto mais rápido esses indicadores são identificados, mais rápido eles podem ser trabalhados. Essas intervenções ágeis e contínuas por parte da empresa, principalmente quando executadas pela gerência, melhoram o estresse e a ansiedade no trabalho, já que transmitem ao time uma sensação de que ele está sendo realmente ouvido e recebendo atenção.
Ter uma ferramenta de pesquisa contínua também pode ajudar RHs e lideranças a tomarem decisões mais complexas com o apoio de dados concretos, que são coletados e analisados através de inteligência artificial. A Pesquisa de Bem-Estar Emocional que a Pulses desenvolveu em parceria com a Vittude, por exemplo, ajuda os gestores a investigar indícios de medo e/ou preocupação que podem estar associados a quadros de ansiedade e exaustão emocional, que é um dos fatores do burnout. A ferramenta possui 14 perguntas divididas em duas dimensões: medo e preocupação, e também exaustão emocional, com fatores que retratam situações que se opõem ao bem-estar emocional, considerando o indivíduo tanto no seu contexto de trabalho, quanto fora dele. Além disso, na plataforma será possível ter acesso a recomendações que contribuirão com o favorecimento dos índices de cada dimensão e fator. Portanto, com a pesquisa da Pulses, é possível acompanhar a melhoria do estado emocional dos times e, consequentemente, da organização como um todo.
Trabalhar o bem-estar é sinônimo de cuidado com a saúde da empresa e seus colaboradores. Ao realizar ações a partir da escuta contínua do colaborador, a companhia demonstra que possui um olhar cauteloso e um interesse genuíno pelo seu time. Além disso, os resultados ajudam a analisar o DNA da empresa, para que as lideranças possam agir sobre o que importa de fato, trazendo resultados mais rápidos e certeiros. E em um cenário de crise, onde as prioridades mudam rapidamente, isso é essencial.