Paula Gallo é Chief Human Resources Officer do Grupo Conexa
Há muitos desafios e aprendizados em gerir um time que passou de 20 para 450 profissionais, um crescimento de mais de 2000%, no último ano, em plena pandemia. Se antes cabíamos todos em uma sala, hoje é preciso criar conexões com as pessoas trabalhando remotamente, em todos os lugares do Brasil e até do exterior.
O primeiro passo foi ter a percepção de que cada pessoa está em um momento de vida diferente. Alguns em início de carreira, outros em transição. E todos aprendendo a equilibrar o trabalho com a dinâmica familiar do dia a dia. Diferentemente dos processos operacionais e metodologias que usamos para o negócio acontecer, as pessoas não vêm com manual, por isso a reflexão de como criar esses diálogos precisa ser diária.
Gerir um aumento tão alto no número de pessoas da equipe, em uma empresa que cresce exponencialmente no mercado, requer habilidade para manter o entusiasmo sobre o que está acontecendo e a visão de um futuro em que todos estão construindo juntos. Afinal, o negócio em crescimento requer pessoas engajadas para que possamos entregar o esperado – e sempre mais e melhor.
Segundo pesquisa divulgada recentemente pela Endeavor*, organização de apoio aos empreendedores, o maior desafio apontado pelos executivos em seus negócios é exatamente a gestão de pessoas. Soma-se a isso estarmos inseridos em uma nova economia e em meio a uma pandemia.
Literalmente, precisamos aprender a trocar a roda do carro com ele em movimento, já que a maior parte das contratações foram feitas remotamente. Foi preciso criar e implantar processos de seleção e integração ágeis, pois havia uma demanda de mão-de-obra em uma velocidade acelerada e não poderíamos perder o ritmo.
Estruturamos uma equipe de People Analytics que está sendo fundamental nesse momento. Por meio de análise de dados sobre nossos profissionais, conseguimos implementar uma gestão mais estratégica, otimizamos processo e aumentamos a chance de atrair e reter os melhores talentos.
Com o alicerce fundamentado, seguimos escalando e nos adaptando à realidade e às novas convenções sociais. Para que todos, do CEO ao estagiário, tenham o mesmo discurso sobre a empresa, temos investido em programas sobre a nossa cultura. Transmitimos nossos valores por meio de comunicações internas, reuniões com a empresa toda online, encontros e treinamentos virtuais. Lançamos, inclusive, uma plataforma de formação continuada, com mais de 40 cursos disponíveis e parcerias com instituições de ensino.
Dentre as ações para criar elos fortes nos relacionamentos, não abro mão dos encontros presenciais, seguindo os protocolos de segurança. Valorizo o bom e velho cafezinho na copa e o happy hour, no final do dia, com a equipe. Acredito que o “olho no olho” e o sorriso, mesmo que escondido atrás da máscara, traz uma conexão muito forte e tem papel fundamental no fortalecimento das relações.
Hoje tenho investido muito em leituras e trocas com outros líderes para me desenvolver cada vez mais e entender os comportamentos humanos, respeitando em especial a diversidade geracional que vivemos dentro da empresa.
Sei que esse desafio está só no começo. Estabelecer as pessoas e fazer com que cada uma se situasse e se sentisse parte foi a primeira fase. Agora, é preciso seguir com ações efetivas sobre diversidade, e aqui falo no sentido mais amplo da palavra, incluindo desde gerações e regiões geográficas diferentes, até o desenvolvimento de mais mulheres em altos cargos de gestão, por exemplo.
O resultado virá quando conseguirmos garantir a total inclusão e o respeito à individualidade de cada um dos nossos profissionais. Somos uma empresa de tecnologia voltada a saúde e seguimos as mais modernas inovações para levar a melhor solução a cada vez mais brasileiros. Mas isso só será possível se antes de desenvolver qualquer produto, a gente desenvolva pessoas. E isso tem sido o meu maior aprendizado.