Por Sergio Ricardo, VP Estratégia, Jurídico e ESG da Dasa
A Organização das Nações Unidas (ONU) criou, em 2004, um conceito que ampliou a consciência sobre a sustentabilidade, o ESG (Environmental, Social, and corporate Governance), ou em português, Ambiental, Social e Governança.
A mudança não é meramente semântica, pois o desempenho ESG abrange não apenas a reciclagem e as emissões de carbono, mas também a governança corporativa e as políticas de saúde e segurança. Inclui atividades beneficentes, engajamento com a comunidade local e passa por todas as peças da engrenagem do ecossistema. Incluindo a sensibilização dos funcionários para seu engajamento tanto a sustentabilidade ambiental, quanto da saúde e da vida a longo prazo.
Desta forma, implantar uma política ESG – de fato – é, papel fundamental das empresas. Nesse sentido, empresto a imagem de um ecossistema para fazer uma analogia sobre o ESG entre as empresas e nosso próprio planeta.
Assim como na Terra, as ações e reações que se dão dentro do mundo corporativo implicam em consequências para todos os pertencentes àquele sistema. Portanto, uma política efetiva que contemple o ESG deve permear todos os membros do ecossistema-empresa – bem como as necessárias ações para a preservação do planeta dependem de todos os seres vivos, em especial, os humanos.
E, para isso, é preciso engajamento efetivo de todos. Envolver os colaboradores em ações sustentáveis, que os sensibilize para uma visão futura e planejada, é uma premissa urgente. Entretanto, as lideranças devem estar comprometidas com a política, com boas práticas, atuando ao mesmo tempo como espelhos e modelos para os colaboradores.
Cada conduta tem reflexo no ambiente do trabalho, que pode ser sustentável no sentido de garantir qualidade de vida, segurança (e educação) financeira, bem-estar e saúde. É necessário planejar o presente – e o futuro –, com responsabilidade.
Estamos em meio a diversas crises que são desencadeadas por uma série de questões que se interligam e abalam nosso ecossistema global. Notícias sobre temperaturas extremas, fracasso das ações climáticas, desastres naturais e ambientais, além da perda da biodiversidade, infelizmente já se tornaram rotina em nossas vidas. E o mais grave: todas essas mazelas são causadas pelo homem, como aponta o Relatório Global de Competitividade, elaborado em dezembro de 2020 pelo World Economic Forum (WEF).1
O ecossistema-empresa está intimamente ligado ao ecossistema da Terra. É sobre fazer a diferença, criar um ambiente favorável para a vida plena dos trabalhadores dentro e fora da empresa. Para que tudo flua positivamente, para que haja uma perspectiva de futuro palpável, sustentável, em todos os sentidos. Para os trabalhadores, para as corporações e para o planeta, pois somos indissociáveis. É imperativo pensar numa sociedade em que todos saiam ganhando, especialmente o planeta, em prol de um mundo melhor e mais justo.
E isso passa por práticas ambientais sérias, estruturadas, que vão muito além das métricas e da matemática financeira. Talvez não se traduza em números, em quantidade, mas em ganhos qualitativos que serão percebidos a longo prazo, mas que valem a pena. O prefixo ‘verde’ passou a ser o significado para ações, produto ou programa com cerne: o bem do meio ambiente. Na mesma linha, ‘sustentabilidade’ tornou-se um termo muito usado e generalizado, sem significado claro. Pelo Oxford English Dictionary, em um contexto ambiental, a sustentabilidade é “evitar o esgotamento dos recursos naturais para manter um equilíbrio ecológico”.2
É preciso mudar o rumo dessa história. Mitigar as mudanças climáticas é um dos principais desafios da sociedade atual. Está na pauta do dia de governos e de empresas comprometidas com um planeta melhor, que garanta mais saúde e bem-estar a todos.
Precisamos arregaçar as mangas e fazer acontecer
As grandes lideranças passaram a adotar a ideia de ecossistema e a sustentabilidade tornou-se parte do vocabulário corporativo, bem como o triple bottom line, quando uma empresa inclui pessoas e o planeta, além da linha de lucro em seu balanço.
Atualmente sou VP de Estratégia, Jurídico e ESG da maior rede de saúde integrada do Brasil, a Dasa, e defendemos como propósito e missão um ecossistema de saúde fluido, ágil e eficaz, que englobe o colaborador, meio ambiente, parceiros e usuários e que gera a saúde que todos desejam e o mundo precisa.
E nosso compromisso interno quanto ao ESG e manutenção desse ecossistema está na aplicação de algumas atividades que apresentem aos mais de 50 mil colaboradores as ações que estamos realizando no quesito preservação do meio ambiente como redução de resíduos e emissão de carbono, bem como cursos online em nossa plataforma EAD que proporcionem aprimoramento profissional, qualificação pessoal e planejamento.
Como especialista em estratégia de inovação entendo que devemos dar o exemplo dentro de casa. Segundo um estudo realizado pela Consultoria BCG, as empresas que adotam melhores práticas ambientais, sociais e de governança registram diversos impactos positivos, como maior lucratividade e até um maior valor de mercado ao longo do tempo.3
Investir em um trabalho sério e contínuo de práticas ambientais, onde todos os colaboradores se sintam parte importante do processo, num misto de educação e integração da sustentabilidade no trabalho é fundamental. A saúde dos nossos ecossistemas depende do compromisso de todos nós. O planeta, as pessoas e as empresas agradecem.
Referências:
1 – World Economic Forum – Relatório Global de Competitividade. Último acesso: 31/05/2022.
2 – Oxford Dictionary | significado de sustentabilidade . Último acesso em: 31/05/20222.
3 – Consultoria BCG – estudo corporativo ESG Último acesso: 31/05/2022