Pode parecer estranho pensar em um apagão de profissionais em um mundo altamente digital, marcado pelas transformações tecnológicas – mas infelizmente, é uma realidade altamente possível, especialmente em um cenário pós-pandemia. Não pela falta de vagas, mas sim pela baixa qualidade de mão de obra disponível no mercado.
Segundo uma pesquisa feita pela Geek Hunter, o número de vagas abertas em 2020 sofreu um aumento exponencial, de 310%. Além disso, o setor vem dedicando grandes investimentos em tecnologia e inovação, impulsionadas principalmente pela pandemia e a necessidade do home-office. Mesmo assim, o que vemos hoje é uma frustrante desproporção no mundo corporativo. Então, como podemos solucionar esse problema?
Não existe milagre, nem tampouco segredo. A grande chave para solucionar essa desproporção – tanto à curto quando à médio e longo prazo – está no investimento na qualificação desses profissionais. E isso tanto diretamente entre os funcionários da organização, quanto antes mesmo de entrarem no mercado de trabalho.
Existem diversas habilidades fundamentais para o dia a dia desses profissionais que não são devidamente desenvolvidas durante os estudos, mas que podem ser estimuladas desde cedo. Como exemplo, podemos destacar a facilidade de acompanhar e desenvolver raciocínios lógicos, alto poder de abstração e conexão de ideias, afinidade com análise de dados e a capacidade de compreender e criar processos eficientes.
A falta dessas habilidades pode se tornar uma enorme barreira para a entrada de profissionais nas áreas de TI e, principalmente, para sua permanência no setor – que diga-se de passagem, é altamente exigente em um mercado tecnológico.
À curto prazo, a melhor solução para tentar minimizar esses impactos é focar na capacitação do quadro interno de funcionários. Organizar treinamentos, elaborar planos de carreira e, especialmente, criar ambientes de trabalho com uma abordagem mais humana e focada nas pessoas são alguns dos exemplos mais valorizados pelos profissionais do ramo.
Isso porque a valorização da diversidade e a presença de líderes genuinamente preocupados, que saibam identificar e potencializar o que cada um tem de melhor, são fatores altamente eficientes que contribuem para a diminuição do turnover e para garantir um desenvolvimento tecnológico robusto. Consequentemente, podem equalizar de vez essa desproporção no mercado, aumentando o número de contratações.
Os profissionais de TI estão sendo cada vez mais requisitados por empresas dos mais diferentes segmentos e, por isso, devem estar preparados para lidar com suas demandas em um mercado altamente competitivo. Não podemos sofrer um apagão desses profissionais no mercado, portanto, não deixe de valorizá-los e prepará-los. Afinal, ainda teremos muitos desafios a serem enfrentados nessa era digital.
Priscilla Mariano é diretora acadêmica na escola de tecnologia Skill Lab Brasil.